Por Pedro Valls Feu Rosa

No distante Egito um burro foi acusado de furtar milho de uma plantação. O dito cujo foi submetido a julgamento perante um tribunal. O veredito do caso foi um espanto: ele foi condenado a cumprir uma pena de 24 horas de prisão e seu dono recebeu apenas uma pequena multa!

Também acabou na cadeia um galo argentino, acusado de ter danificado dada peça de cerâmica de uma senhora. O dono do galo argumentou que a vítima o denunciou (o galo, não ele) por ser sua inimiga declarada (dele, não do galo), mas não adiantou – o galináceo foi mesmo para o xilindró.

Igualmente desafortunado foi um burro mexicano, morador da cidade de Chiapas, que teve a infeliz idéia de dar um coice em alguém. Acabou preso em uma cela destinada a acolher desordeiros e bêbados.

Entrevistado, o Delegado de Polícia da cidade declarou aos jornais que “lá quem comete algum crime vai para a cadeia, não importando quem seja”. É verdade: alguns meses antes havia ido para a mesma cela um bovino, acusado de furtar milho de um feirante.

Ainda no México registrou-se o caso de um pobre cachorro condenado a 12 dias de prisão por ter mordido alguém. Segundo consta o impetuoso canídeo não mordeu nenhum de seus companheiros de cela enquanto cumpria a pena, tendo tido comportamento exemplar.

Mas o pior caso vem da Nigéria: uma cabra foi presa acusada de ter roubado um carro usando uma pistola – um ‘roubo a pata armada’. Segundo os policiais a cabra seria um assaltante disfarçado através de bruxaria.

O fato é que a bicharada está mesmo na mira da lei: nos EUA um Senador do Alaska apresentou um Projeto de Lei proibindo que cachorros civis imitassem cachorros policiais. O rigor era tamanho que os cachorros que não fossem policiais estariam proibidos até mesmo de morder bandidos.

Em Baltimore os leões foram proibidos – também por lei – de ir ao cinema (não se esclareceu como fica a situação do popular ‘Leão da Metro’, que aparece nos filmes). Pior foi em Quitman, na Georgia, cidade na qual galinhas foram proibidas de atravessar estradas.

E é assim, diante de galos, asnos e cabras dividindo celas com seres humanos e vendo simples penosas proibidas até de atravessar estradas que fico a recordar Descartes, segundo quem “a razão e o juízo são as únicas coisas que nos fazem humanos e nos distinguem dos animais.


  • Pedro Valls Feu Rosa é jornalista, escritor e desembargador no ES. E escreve regularmente para a AGENCIA CONGRESSO.