BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos atos antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), ouviu nesta quinta-feira (04) um empresário que ajudou a financiar os golpistas que acamparam em frente ao QG do E´xercito, pedindo intervenção militar, e golpe no país.

Foi o empresário mineiro Adauto Lúcio Mesquita, dono de supermercado em Brasília Ele fez doações para manter o acampamento em frente ao QG do Exército, além de doação de R$ 10 mil para campanha de Bolsonaro.

O comerciante está sendo investigado pela Polícia Civil como suspeito de ser o financiador ou arrecadador de recursos destinados ao pagamento do trio elétrico Coyote, utilizado durante manifestações no acampamento em frente ao Quartel General (QG) do Exército.

Enquanto no Congresso Nacional os líderes partidários ainda indicam membros para a CPI federal de 8 de janeiro, na Câmara Legislativa os trabalhos estão bem avançados.

Presidida pelo deputado petista Chico Vigilante, a CPI tem conseguido avançar em diversas frentes de investigação, e poderá inclusive ajudar a CPMI do Congresso.

Ao ser ouvido, o empresário Adauto Lúcio negou o financiamento, apesar de vídeos dele terem sido exibidos no telão do Legislativo. Ele estava na Esplanada dos Ministérios chamando pessoas para os atos.

O presidente da CPI pediu a exibição de vídeos onde ele aparece recebendo o equipamento. “Pegando aqui agora o Coyote. Olha o tamanho do trio elétrico. É o maior de Brasília”, diz Adauto no vídeo que gravou e divulgou em suas redes sociais.

O deputado petista garantiu que tem documentos sobre a contratação do equipamento. “Esse trio foi contratado por R$30 mil. Temos a listagem de quem contribuiu. O senhor é o arrecadador”, sentenciou Vigilante.

Adauto continuou negando ter contribuído financeiramente e disse que apenas ajudou na negociação para baixar o preço. “Eles estavam negociando e eu falei para fazer um preço melhor. Sou o comprador na minha empresa, sei pechinchar. Tenho habilidade para negociar. Não paguei um centavo do Coyote. Ajudei, pagaram e ponto. Minha participação foi essa”, afirmou Adauto.

A deputada Jaqueline Silva (sem partido) mais uma vez questionou o empresário sobre a participação que ele teve quanto à contratação e financiamento do trio elétrico. “O senhor não teria feito nenhum aporte financeiro para o pagamento do trio, mas de alguma forma auxiliou nesse acordo”, perguntou a deputada. “Certo. Não paguei nada”, reiterou Adauto.

Sobre a contratação de outdoors no DF durante a campanha presidencial, Vigilante também indagou ao depoente. “Quanto o senhor gastou com os outdoors que foram espalhados na cidade”, inquiriu o parlamentar.

“Eu não gastei nada”, afirmou Adauto. “Mas o inquérito está apontando que foi o senhor quem contratou”, insistiu Chico. “O inquérito, né. É uma investigação. Sei que a polícia é competente e vai chegar em um veredito e ver que eu não contratei nenhum outdoor. Não vai chegar em mim. Tenho plena certeza de que não vai chegar”, declarou o comerciante.

Contradição

Logo no início do depoimento, Adauto admitiu que realizou doação de dez mil reais para a campanha de reeleição do ex-presidente Bolsonaro. Além disso, fez o que chamou de pequenas doações para pessoas do acampamento em frente ao QG. ” Dei 100 reais, 200, mil reais”.

Foi prontamente questionado pelo presidente da CPI: “Eu tenho aqui documentos de depoimento para a Polícia Civil, mostrando que não foram só R$ 100 reais não. Tem muito dinheiro aqui. O senhor foi um dos coordenadores da arrecadação [para o acampamento]. Nós temos provas”, disse Vigilante.

O depoente negou. “Não. Como é um inquérito, ainda está em andamento e no momento certo isso vai ser provado que não procede”, afiançou o empresário.

Com Informações da Comunicação/CLDF)