Desde de janeiro de 2018 que Bolsonaro e André Esteves mantinham contatos.

BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – A cada quebra de sigilo a PF descobre que o governo de Jair Bolsonaro jogava o tempo todo fora das ‘quatro linhas’ da Constituição. E só tem cinco meses que o governo acabou.

Agora se descobre que o ex-presidente mantinha encontros fora da agenda oficial. Não eram registrados pelo Planalto porque se tratavam de temas inconfessáveis. Um deles foi a tentativa de vender a Rede Globo, que sequer estava à venda.

 

Delírios bolsonaristas

A quebra dos sigilos telemáticos de assessores de Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, reforça os indicativos de que vários encontros e compromissos oficiais do governo anterior ficaram de fora dos registros formais.

Ministros do próprio governo, integrantes do Judiciário, políticos e empresários, entre outros, aparecem nesses diálogos como tendo se reunido com o então presidente da República apesar de nada disso constar na agenda pública.

De acordo com mensagens trocadas entre Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, e Célio Faria, então chefe do gabinete pessoal do presidente e depois ministro da Secretaria de Governo, um desses encontros ocorreu em 13 de outubro de 2021 na casa do ministro Dias Toffoli, do STF.

Em mensagem enviada a Célio às 22h18 desse dia, Mauro Cid informou que Bolsonaro estava na casa de Toffoli e citou ainda outros nomes, como o procurador-geral da República, Augusto Aras, e André Esteves, presidente do conselho de administração e sócio sênior do BTG Pactual.

Quando Cid escreveu “André Esteves”, Célio questionou com um “do BTG?”. O ajudante de ordens então confirma (“isso”) e emenda: “comprar a Globo…”. “Está falida”, escreveu ainda Cid.

Célio respondeu com críticas à Globo e a afirmação de que, se fosse para alguém comprar a empresa, seria melhor Esteves do que os “chineses”.

Procurado pela Folha, o BTG Pactual não se manifestou. Em nota, a Globo afirmou que a emissora “desconhece a realização desse suposto encontro, mas, se existiu e se o tema foi o mencionado, tratou-se de uma fantasia: não há nem nunca houve qualquer intenção de venda do Grupo Globo, cuja saúde financeira é reconhecida pelo mercado”.

A Folha não conseguiu falar com Célio Faria. A defesa de Mauro Cid disse que se manifestará nos autos. A assessoria de Augusto Aras não se manifestou. Toffoli não respondeu ao contato da reportagem.

Com informações da Folha