O Grupo NatWest responde por uma das maiores redes bancárias do Reino Unido. Li que tem cerca de 960 filiais e 3.400 caixas automáticos à disposição de seus mais de 7,5 milhões de clientes.

Relaciono estes dados para deixar claro tratar-se de uma entidade capitalista de grande magnitude – daquelas que, evidentemente, não “brincam” quando o assunto é dinheiro.

Pois bem: estando o mundo a preparar-se para o fim da pandemia que instalou-se nos idos de 2020, esta empresa anunciou a implementação de um plano de longo prazo em cujo final apenas 13% de seus funcionários trabalharão integralmente de forma presencial.

Aos detalhes: 8.300 funcionários deverão comparecer às agências diariamente e 64.000 outros dividirão suas jornadas de trabalho entre serviço remoto e presencial.

A cada três funcionários um poderá trabalhar a partir de qualquer lugar do país, ficando obrigado a comparecer fisicamente ao banco apenas dois dias por mês – veja que estamos a falar de um contingente superior a 20.000 pessoas.

Ao anunciar mudanças tão profundas o presidente da instituição mostrou-se sábio e prudente: “não é possível que uma única regra se aplique a todos”, dado que “nem toda função é igual”. A mais comum, porém, respondendo por 55% do efetivo, prevê uma forma de trabalho híbrida.

Reflitamos, inicialmente, sobre a questão da viabilidade em si. Graças ao advento da tecnologia há tarefas realizadas exclusivamente via computador – vale dizer, não importa onde o trabalhador esteja.

Calculemos, agora, o ganho de tempo e de qualidade de vida. Segundo consta cada britânico gasta 62 minutos por dia indo e vindo do trabalho – e 15% deles 102 minutos ou mais. São 5 horas por semana, 20 por mês e 220 por ano útil.

Imaginemos uma jornada diária de oito horas e a conclusão será que cada funcionário gasta quase um mês de trabalho por ano apenas se locomovendo.

Considere, finalmente, que prenuncia-se sensível ganho de produtividade, dadas as facilidades que os avanços da tecnologia oferecem. Tradução: todos ganham.

Lanço, agora, um olhar ao serviço público brasileiro. Que tal, em um tempo de tantas reformas, estudarmos como melhorá-lo de forma técnica, sem preconceitos, paixões ou ideologias? Eis aí uma grande oportunidade que a pandemia nos trouxe: a de quebrar paradigmas, de inovar.


Pedro Valls Feu Rosa é jornalista, escritor e desembargador no ES. Escreve semanalmente para a AGENCIA CONGRESSO.

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