BRASÍLIA – Derrotado nas eleições presidenciais de 2018, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) segue fazendo política. Pretende concorrer a vaga de Bolsonaro em 2024.
Como observador atento do atual cenário, ou em discursos e palestras nas quais mantém viva a sua “metralhadora verbal” contra o PT e o presidente Jair Bolsonaro (PSL), Ciro se mantém relevante como voz importante de uma esquerda fragmentada.
Em entrevista ao HuffPost Brasil, o pedetista chamou mais uma vez o PT de “quadrilha”, disse que a cúpula do partido “apodreceu” e que “nunca mais” se associará ao PT, jogando por terra – pelo menos, por ora – qualquer chance de articulação de oposição.
Ciro, contudo, nega que a repulsa tenha como fundo uma mágoa das eleições, quando o ex-presidente Lula articulou para que o pedetista ficasse isolado. E apoiou Fernando Haddad (PT).
“Um cara como eu, com 40 anos de vida pública, não faz mágoa, faz política. Quando eles fizeram o que fizeram, eles estavam fazendo política”, disse. “Agora eles [PT] aguentem, agora eu estou fazendo política.”
Ciro também criticou a oposição ao governo Bolsonaro: “Não existe oposição, o que tem é confusão”. E condenou as críticas que a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) recebeu da esquerda após ganhar protagonismo no Congresso.
“Tudo que é novo para eles [o PT] é um insulto. (…) Qual a liderança nova que apareceu no PT? Aí aparece uma jovem, nascida na favela, filha de mãe trabalhadora, de pai trabalhador, que sacrificou sua vida inteira. (…) Os caras enlouquecem”, disse. ”É quase um chute na mediocridade corrupta deles.”
Em relação ao governo Bolsonaro, Ciro aposta que “ainda vem muita confusão por aí” e que o vice-presidente, Hamilton Mourão, está “muito bem assessorado”, de olho no lugar de Bolsonaro.
“Ele [Mourão] está de olho [na cadeira de presidente], e de olho gordo, não está nem disfarçando”, diz.
Ciro por Ciro: Lamentavelmente, eu imagino que o Brasil caminha a passos muito acelerados para uma grande confusão. Não estou vendo golpe, não estou vendo impedimentos.
Os políticos sabem que cometeram um erro grave com o impedimento da [ex-presidente] Dilma [Rousseff], não vão cometer o mesmo erro agora.
Vão tentar tutelar o Bolsonaro com essas coisas de um parlamentarismo de fato, que vai constrangendo, e os militares, ainda nos bastidores, vão tentar moderar.
Mas é orgânico ao Bolsonaro, na sua compreensão de vida, essa completa falta de comprometimento com qualquer coisa séria.
Na campanha você pode fazer isso porque, infelizmente, a grande mídia brasileira tem lado, ela não examina criticamente as coisas.
Bolsonaro entregou uma cópia do kit gay da mão do William Bonner no Jornal Nacional e a Rede Globo nem para fazer por 30 segundos uma investigação se aquilo existia ou não e dizer que aquilo é falso. Não fez.
Evidentemente a Globo queria a eleição de qualquer um, menos eu o [candidato do PT Fernando] Haddad. Tinha que ser qualquer um. Não dando com um, “vai tu”.
Fonte: Huffpost Brasil