PEDRO FEU ROSA “Reforcem a segurança pois há brasileiros circulando no Shopping”. Li que esta advertência foi trombeteada no sistema de alto-falantes do Shopping Bell’s, em Las Vegas (EUA).Para que possam ouvir tais agressões brasileiros precisam antes obter um visto, após longa fila e entrevista por vezes nada cordial. Conseguido este aguarda-os uma recepção não raramente brutal nos aeroportos norte-americanos. Aliás, é possível que sequer consigam sair dele.Há poucos anos, por exemplo, noticiou-se o depoimento de um engenheiro eletrônico baiano de 42 anos de idade, 20 de formado e com todos os documentos em ordem: “sou jogado numa sala imunda, fedorenta, sem ventilação e já apinhada de gente. Gente cansada, faminta, doente, gente vomitando.Enojado, testemunho os oficiais americanos disputarem o privilégio de revistar as mulheres e adolescentes mais bonitas, sem a menor preocupação de esconder a sua luxúria dos seus respectivos pais, maridos ou irmãos.Chutes, empurrões, gritos, ameaças, brutamontes fortemente armados despejam incessantemente sua prepotência, preconceito e arrogância no constante fluxo de turistas despejados na nossa pequena cela, cada vez mais cheia e com mau cheiro insuportável”.Pode-se dizer que este foi um episódio isolado. Vá lá que seja. Mas fico a pensar no que aconteceria se isso estivesse ocorrendo em algum luxuoso aeroporto brasileiro – daqueles confundidos com banheiro por dois turistas alemães que decidiram trocar de roupa lá no saguão mesmo.No Reino Unido, segundo li, de cada 100 brasileiros que desembarcam no aeroporto de Londres três são deportados. Na Espanha chegou-se ao espantoso número de dez por dia.A propósito, transcrevo trecho de reportagem publicada por um jornal de lá, o “El Mundo”: “Entre o grupo de detidos se encontravam cinco crianças, uma das quais de apenas dois anos, que não contou durante os dias de detenção com produtos de higiene e nutrição necessários. As mães não tiveram talco, nem roupa limpa, nem nada, porque levaram tudo”.Enquanto isso, em nosso país acolhemos de braços abertos milhares de empresas européias e norte-americanas. Pois é. Talvez, enquanto o destino do turista brasileiro for a ingratidão, a discriminação e a humilhação devessem ser buscados outros destinos – inclusive para o nosso país.
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