Dia desses o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, assegurou que as mulheres que não têm filhos “negam sua feminilidade”, ficam “incompletas” e não são mais do que “meias pessoas”.
Ainda na Turquia, o advogado Yavuz Balkan foi a público defender uma certa “Bolsa-Prostituta”, no valor de 75 Liras, para o sexo masculino. A justificativa: “se os homens satisfizerem suas necessidades sexuais, estou certo de que 99% dos feminicídios serão eliminados”.
Na Espanha as mulheres presentes à missa dominical da Catedral de Toledo ouviram o sacerdote ler um sermão que continha o seguinte trecho: “A maior parte das mulheres que morrem são mortas pelos seus maridos, que não as aceitam, as rejeitam, porque elas não acatam as suas exigências”.
Há, também lá, o caso da mulher grávida, vítima de estupro, que ouviu de uma juíza, em plena sala de audiências, as seguintes perguntas: “Você fechou suas pernas com força? Você fechou seus órgãos femininos”? Atenção: aqui a protagonista foi uma juíza!
Ainda sobre estupros, a australiana Jacqueline Hamill trabalhava em uma prisão na cidade de Davao, nas Filipinas, quando foi estuprada e morta por presidiários, durante um motim.
O então prefeito da cidade, Rodrigo Duterte, assim se pronunciou sobre tão triste episódio: “Eles a estupraram, todos alinhados. Eu fiquei bravo que ela foi estuprada, mas ela era tão bonita. Eu pensei, o prefeito deveria ter sido o primeiro”.
Duramente criticado pela imprensa, recusou-se a pedir desculpas, dizendo: “É assim que os homens falam”.
Nos EUA os absorventes femininos são taxados como “bens de consumo de luxo” em nada menos que 40 estados. Ainda naquele país, uma lei do Estado de Arkansas permite ao marido bater na esposa uma vez por mês.
No Japão 30% das mulheres que trabalham são vítimas de assédio sexual. Na Espanha 84% das presidiárias são vítimas de abuso sexual.
Na Indonésia testes de virgindade são obrigatórios para as mulheres que desejam estudar em universidades. Na Nicarágua o homem é o único representante da família.
A cada uma das pessoas que, por ação ou omissão, permitem a perpetuação deste tão antigo quanto implacável quadro de discriminação contra as mulheres, dedico a famosa acusação de Stanislaw Jerzy Lec: “tinha a consciência limpa: não a usava nunca”.
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Pedro Valls Feu Rosa é jornalista, escritor e desembargador no ES. E escreve regularmente para a AGENCIA CONGRESSO.