BRASÍLIA – AGÊNCIA CONGRESSO – Dos dez deputados federais e três senadores eleitos pelo Espírito Santo, apenas dois parlamentares comentaram a queda do primeiro ministro do governo Bolsonaro.

O ex-secretário-geral da Presidência da República – Gustavo Bebianno, caiu ontem após o governo sangrar todo fim de semana.

Comentaram o caso apenas os deputados Lauriete (PR) e Ted Conti (PSB), além do senador Fabiano Contarato (Rede).

Bebianno estava na corda bamba desde a última segunda (11) quando o filho do presidente Jair Bolsonaro, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, chamou-o de “mentiroso” nas redes sociais após afirmar que ele – acusado de repassar R$ 400 mil a uma candidata “laranja” do PSL, afirmara que conversara – por telefone –sobre o assunto com o presidente no domingo (10).

Neste dia Bolsonaro estava ainda internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para se recuperar de uma cirurgia reparadora no intestino decorrente do atentado que sofreu em setembro de 2018.

Gangorra

Um dia após Carlos Bolsonaro chamar Bebianno de “mentiroso”, Bolsonaro utilizou suas redes sociais para confirmar a fala virtual do filho.

Desde então o ministro, até então um dos mais próximos do novo presidente, passou a viver numa gangorra entre se permanecia no cargo, ou se seria demitido.

Fato ocorrido no início da noite desta segunda quando o porta-voz do governo informou sobre a exoneração de Bebianno pelo presidente que alega motivos particulares.

Durante o último final de semana, várias falas atribuídas ao ministro afirmavam que caso se confirmasse a sua queda, ele cairia “atirando”.

Até uma indicação de Bebianno para a embaixada na Itália foi especulada como consolação pela perda do cardo de secretário-geral da Presidência. Antes disso, chegou-se a especular que o então ministro assumisse um cargo na direção da Itaipu bi-nacional com salário mensal de quase R$ 70 mil.

Reforma da previdência

O ex-ministro era tido como um dos principais articuladores do governo Bolsonaro para discutir a proposta da reforma da Previdência junto aos parlamentares.

Na próxima quarta-feira (20) o presidente Jair Bolsonaro deverá anunciar a sua proposta para reformar o sistema previdenciário tanto em visita ao Congresso Nacional, como em reunião que terá com todos os governadores do país.

Bebianno será substituído pelo General Floriano Peixoto que passa a ser o oitavo ministro do governo que tem origem nas Forças Armadas.

Sem explicações

Após o anúncio feito pelo porta-voz do governo, Bolsonaro divulgou vídeo em suas redes sociais afirmando que “mudanças de rumo” fizeram com que acontecesse a primeira troca em sua equipe ministerial.

Mas, também, não deu maiores explicações para informar os motivos da mudança realizada em menos de 50 dias de governo.

Neste sentido, a deputada Lauriete assim se manifestou. “A exoneração do Sr. Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência foi de foro íntimo”, fazendo coro a fala do presidente.

“Os fatos ainda não estão totalmente esclarecidos, mas [a função de] ministro é [um] cargo de confiança do presidente da República. Ele escolhe e ele exonera. O que nos resta é focarmos nas medidas anticrimes, na reforma da previdência e depositar a nossa confiança no novo governo”, completou.

No mesmo sentido se manifestou Ted Conti. “Cabe ao presidente nomear e demitir ministros. E essa demissão foi o desfecho de uma crise que se arrastou durante cinco dias e que se tornou irreversível”, falou.

“Quanto aos projetos que chegarão ao Congresso Nacional não creio que haverá grande impacto.  Da minha parte, a Lei Anticrime e a Reforma da Previdência serão analisadas de forma isenta, detalhada, criteriosa e levando em consideração o que for melhor para o país e os brasileiros”, complementou o socialista Ted Conti.

Pedido de explicações

Já o senador Contarato preferiu utilizar o “convite” que o também senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do seu partido naquela Casa, fez para que Bebianno possa comparecer ao Senado Federal e explicar as razões que lhe afastaram do cargo de secretário-geral da Presidência da República.

“Bebianno tem convite para vir ao Senado Federal esclarecer os fatos. É uma oportunidade de falar claramente à nação. Espero que aceite”, se resumiu a dizer.