BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – O governo federal gastou R$ 2,5 milhões em sete viagens nas quais o presidente Jair Bolsonaro fez passeios de motos com apoiadores, chamados por ele de “motociatas”.

Os dados são dos gastos totais das viagens de Bolsonaro, e não apenas dos passeios em si. Mas as ‘motociatas’ envolvem um grande número de seguranças, e veículos, pagos pela União.

Geralmente, Bolsonaro combina as “motociatas” com algum evento oficial na cidade visitada.

As informações foram apresentadas pelo gabinete pessoal de Bolsonaro via Lei de Acesso à Informação (LAI) em resposta a um pedido do GLOBO e envolvem “transporte terrestre, passagens, telefonia, diárias”.

A Secretaria-Geral, a quem cabe administrar os pagamentos do cartão corporativo, foi procurada para esclarecer os custos específicos das “motociatas”, mas não retornou.

Em agosto, durante audiência na Câmara dos Deputados, o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral), afirmou que “não há recurso público nenhum” nos passeios.

— As motociatas, elas são eventos privados. São pessoas que se mobilizam. O presidente só sobe na motocicleta e vai — discursou Ramos. — Não há recurso público nenhum. Vocês podem verificar.

Os dados se referem a viagens realizadas entre maio e agosto. Desde então, o presidente diminuiu o ritmo dos eventos, mas ainda fez outros três passeios: em Pernambuco, em setembro; e no Paraná e no Qatar, durante missão oficial no exterior, em novembro.

Em alguns casos, Bolsonaro marcava um evento em uma cidade para uma sexta-feira e um passeio no sábado. Em outras ocasiões, no entanto, ele fez “motociatas” durante a semana, em horário de expediente, como em Goiânia e Uberlândia (MG), em agosto, depois de compromissos oficiais.

Os gastos estão sendo investigados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). As viagens mais caras foram para São Paulo (R$ 486 mil) e Chapecó-SC (R$ 477 mil), ambas em junho.