BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – O requerimento para a criação de uma CPI mista que investigue os atos antidemocráticos de 8 de janeiro deve ser lido na próxima sessão do Congresso Nacional. A leitura foi adiada duas vezes.

Quem recolheu as assinaturas dos parlamentares para o requerimento foi o deputado federal André Fernandes (PL-CE), apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas a criação da CPMI gera divergências entre os senadores.

Enquanto senadores de oposição querem essa CPI para investigar possíveis omissões do governo e até a eventual presença de infiltrados nos atos, senadores governistas argumentam que os atos já estão sendo investigados pela Polícia Federal, que o país tem outras prioridades, e que as investigações podem se tornar ‘tiro no pé’ dos bolsonaristas.

O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) apoia a criação da CPI mista com o argumento de que sua instalação é importante para esclarecer os “abusos que foram feitos” e identificar possíveis infiltrados.

Heinze afirma que as manifestações de 8 de janeiro foram democráticas e legítimas, e nega que tivessem caráter terrorista, mas ressalta ser contrário à invasão de prédios públicos.

Para o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), essa CPI precisa ser instalada. Em um vídeo divulgado no Twitter, ele declarou que “não tem dúvida nenhuma da omissão do governo federal” e que acredita na presença de infiltrados nas manifestações antidemocráticas.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), já se manifestou contrariamente à CPI mista. No entanto, ele ponderou que, se o requerimento for lido e a comissão criada, estará “pronto para atuar nela”.

Na visão do senador Humberto Costa (PT-PE), a criação dessa CPI “não se coaduna com a realidade” do que ocorreu no dia 8 de janeiro.

O senador afirmou que a investigação vem sendo feita de forma profunda, séria e correta, tanto pelo Executivo (por meio da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União) quanto pelo Judiciário e pelo Ministério Público.

Mas ele disse que, se a comissão for instalada, vai procurar colaborar a favor da verdade. “Num momento como este, [a CPI mista] é algo que vai terminar se transformando, meramente, em uma disputa política, com aprofundamento da polarização.”, disse.