BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO- Só o senador Marcos do Val (Podemos) não assinou o pedido da CPI da Covid a ser instalada na próxima semana pelo Senado Federal.

A Comissão Parlamentar de Inquérito objetiva apurar os erros praticados pelo governo federal no combate a pandemia que já matou mais de 340 mil brasileiros.

Os senadores Rose de Freitas (MDB) e Fabiano Contarato (REDE) assinaram, junto com o líder da REDE, Randolfe Rodrigues (AP) e Alessandro Vieira (Cidadania SE).

Falecido no mês passado em decorrência da Covid, o senador major Olimpio (PSL-SP) também havia assinado o requerimento pela criação da CPI. Ele foi um dos primeiros deputados a apoiar a candidatura de Bolsonaro a presidente em 2018.

‘ASSINEI A OUTRA’

O senador capixaba Marcos do Val disse hoje a noite para a Agência Congresso que assinou a outra CPI, que visa uma investigação mais ampla.

“A que assinei é a que incluí Estados, municípios e União, é notório que houve problemas em vários estados e municípios”, disse.

O senador explicou que a outra CPI ‘é mais política”, e que a que assinou vai investigar todos, e não só o governo federal: ” Para mim se for para investigar, que sejam todos os três, federal, estadual e municipal”, concluiu.

DUAS CPIs

O governo Bolsonaro começou a agir ontem mesmo e apresentou pedido para criar outra CPI, mais ampla, e tenta convencer senadores a retirar assinaturas de apoio ao funcionamento da comissão, chamada de CPI da oposição, o que pode inviabilizá-la.

Na manhã desta sexta-feira, 9, Bolsonaro atacou o ministro Luiz Barfroso, acusando-o de promover “politicalha” e de “militância política” para desgastar seu governo. Ele também cobrou a abertura de processos de impeachment contra ministros da Corte.

Barroso determinou que o Senado instale uma CPI para investigar ações e omissões da gestão Bolsonaro no combate à pandemia. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), criticou a decisão, mas afirmou que vai obedecer e instalar a CPI na semana que vem.

A criação da CPI da Covid preocupa o Palácio do Planalto por aprofundar o desgaste do governo em um momento de queda de popularidade de Bolsonaro e de agravamento da pandemia.

Uma vez criada, a comissão poderá convocar autoridades para prestar depoimentos, quebrar sigilos telefônico e bancário de alvos da investigação, indiciar culpados e encaminhar pedido de abertura de inquérito para o Ministério Público.

Mesmo com a instalação da CPI, o governo também avalia que pode evitar que a oposição obtenha maioria no colegiado, a ser formado por 11 titulares e sete suplentes. As vagas são distribuídas conforme o tamanho das bancadas.

“Talvez esse seja o principal objeto da CPI. Fatalmente, vai envolver Estados. Qualquer medida de apuração de transferência de recursos do governo federal vai cair nos governos estaduais e municipais”, afirmou o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF), que é próximo ao governo.

Ofensiva contra Barroso, que agiu dentro da lei
No Senado, Barroso tem sido criticado por ter determinado individualmente a instalação da CPI. Vice-líder do governo, o senador Carlos Viana (PSD-MG) passou a coletar apoio para iniciar uma investigação contra o ministro do Supremo.
“Vou apresentar um pedido de CPI para investigar a interferência entre Poderes. Se houver crime de responsabilidade pode ser feito pedido de impeachment”, afirmou Viana.
Nesta quinta, o presidente do Senado classificou a decisão do ministro do STF como “equivocada” e avisou: “evocará precedentes absolutamente inadequados para o momento do País.”

QUEM ASSINOU

1. Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
2. Jean Paul Prates (PT-RN)
3. Alessandro Vieira (Cidadania-SE)
4. Jorge Kajuru (Cidadania-GO)
5. Fabiano Contarato (Rede-ES)
6. Alvaro Dias (Podemos-PR)
7. Mara Gabrilli (PSDB-SP)
8. Plínio Valério (PSDB-AM)
9. Reguffe (Podemos-DF)
10. Leila Barros (PSB-DF)
11. Humberto Costa (PT-PE)
12. Cid Gomes (PDT-CE)
13. Eliziane Gama (Cidadania-MA)
14. Omar Aziz (PSD-AM)
15. Paulo Paim (PT-RS)
16. Rose de Freitas (MDB/ES)
17. José Serra (PSDB-SP)
18. Weverton Rocha (PDT-MA)
19. Simone Tebet (MDB-MS)
20. Tasso Jereissati (PSDB-CE)
21. Oriovisto Guimarães (Podemos-PR)
22. Jarbas Vasconcelos (MDB-PE)
23. Rogério Carvalho (PT-SE)
24. Otto Alencar (PSD-BA)
25. Renan Calheiros (MDB-AL)
26. Eduardo Braga (MDB-AM)
27. Rodrigo Cunha (PSDB-AL)
28. Lasier Martins (Podemos-RS)
29. Zenaide Maia (Pros-RN)
30. Paulo Rocha (PT-PA)
31. Styvenson Valentim (Podemos-RN)
32. Acir Gurgacz (PDT-RO)