Tabata Amaral, Deputada Federal pelo PDT

BRASÍLIA – “O caminho que eu percorri foi muito mais longo do que o de muita gente que chegou aqui”, afirma a deputada Tabata Amaral (PDT/SP), 25 anos, ao se referir a vaga que conseguiu na Câmara Federal.

Vinda de uma cidade pobre no interior de São Paulo, a jovem parlamentar se destacou com uma atuação firme em defesa da educação e é uma das apostas da centro-esquerda para ser candidata à vice presidência da República.

Tabata cumpre seu primeiro mandato mas já ganhou notoriedade na mídia. Chegou a repreender o então ministro da educação, Ricardo Velez, durante uma audiência, ano passado, na Comissão de Educação da Câmara.

Vélez, um filósofo conservador, já estava balançando no cargo há semanas e acabou demitido dias depois pelo presidente Bolsonaro. Depois dele o MEC ganhou outro ministro, considerado o pior em 180 anos de República, Abraham Weintraud.

Para a parlamentar, suas palavras – que acabaram viralizadas nas redes sociais – expressaram a “angústia” dos brasileiros diante das “cortinas de fumaça” do atual governo, que “não faz nada prático (…), corta orçamentos e prioriza questões ideológicas”.

Futuro

Desde muito cedo ela viu na educação uma forma de escapar das dramáticas estatísticas de drogas e criminalidade que terminaram com a vida de seu pai e de vários amigos e vizinhos.

Nos estudos, sempre teve afinidade com matemática, e foi assim que conseguiu uma bolsa para estudar em uma escolar particular na capital paulista. Ganhou dezenas de medalhas em concursos nacionais e internacionais.

Seus esforços a levaram a ganhar uma bolsa de estudos no exterior. Em 2016, após se formar na Universidade de Harvard, ela decidiu voltar a São Paulo onde se engajou em uma ONG voltada para a área educacional.

Em um plenário tradicionalmente machista e com forte tendência conservadora, Tabata se faz cada vez mais relevante em um cenário predominantemente masculino (são 77 deputadas de 513 parlamentares ao todo).

“Nos primeiros dias queriam me proibir constantemente a entrada e me perguntavam se eu era deputada federal de verdade, e não estadual. E no plenário já me interromperam para me perguntar se eu era casada ou solteira, me perguntam se sou dona de uma grande empresa, se minha família é importante. Tudo para saber como alguém como eu veio parar aqui”, explica.

“A Câmara dos Deputados não está acostumada às mulheres jovens e da periferia, creio que isso é muito evidente, é como se tivesse entrado um corpo estranho e o organismo quer expulsá-lo”

Tabata Amaral pensa que “os dois lados precisam da renovação. Todo mundo fala que a esquerda está velha, que não tem novos líderes, mas a direita tem? O centro tem?”, pergunta a jovem que prefere se definir como “progressista”.

“O espectro ideológico democrático não preparou novos líderes e ficou isolado no poder”, afirma, fazendo referência aos partidos que dirigiram o país desde o fim da ditadura militar (1964-1985).

Ela não participou da campanha que exige a libertação de Lula, assim como seu partido, PDT, e foi muito criticada por isso. O tempo mostrou que ela estava certa.

“Para quem vem da periferia significa muito ter tido Lula como presidente, mas me entristece que nossa política tenha estado tão marcada pela corrupção nestes últimos anos”, afirma.

Em sua curta vida legislativa tem mostrado certo pragmatismo ao se posicionar, por exemplo, a favor de uma alternativa ao projeto de reforma da Previdência do governo, ao invés de votar contra, o que lhe valeu ameaçadas do partido, e mais críticas de setores da esquerda.

Com informações do UOL