Você tem opinião sobre alguma coisa? Então considere-se um facista ou um comunista – não há terceira possibilidade.
Você escreve sobre nossos problemas? Péssimo: por que só escrever? Levante-se e vá fazer algo.
Você fez alguma coisa em prol da sociedade? Só pode ser por conta de ambições ocultas.
Você quer entrar na vida pública? Deve ser para conseguir satisfazer algum interesse pessoal. Deseja uma vida discreta? Seu egoísta! Só pensa em si!
Se você acha que bandido bom é bandido morto faltam-lhe coração e sentimentos cristãos.
Você estende a mão a um miserável? Péssimo, isso. Hipocrisia pura. Ou demagogia.
Você é a favor do governo? Um “puxa-saco”. Deve estar tentando algum emprego ou benefício outro. É contra? Só pode ser para ver se algum cupincha seu consegue “chegar lá” e ajudá-lo.
Você persegue aqueles que discordam de suas ideias? Então este seu autoritarismo é uma vergonha. Você não discrimina os contrários? Neste caso falta-lhe firmeza.
Você acha que seus adversários não fizeram absolutamente nada de bom? Que erraram “de cabo a rabo”? Sujeito pequeno e mesquinho, você!
Eis aí, sem retoques, o retrato da humanidade tão ansiosa deste início de milênio. Insistimos na generalização e no radicalismo, passando o tempo a derrubar pontes e a construir muros.
Fico a pensar em Confúcio, segundo quem “o princípio “no meio é que está a virtude” é excelente! Infelizmente há muito tempo que não é posto em prática”. Pois é. Confúcio morreu no ano 479 a.C.