BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – A direção da Câmara dos Deputados vetou a exibição de um quadro na exposição Memória Verdade e Justiça, inaugurada quarta-feira (10/04) e que ficará em cartaz por um mês.

A obra censurada pela Câmara retrata a tortura contra presos políticos na ditadura militar. Batizado de A verdade ainda que tardia, o painel é de autoria do artista Elifas Andreato, que confeccionou a obra em 2012, sob encomenda da Comissão da Memória, Verdade e Justiça da Câmara, presidida à época pela deputada Luiza Erundina (Psol-SP).

Idealizadora da mostra que vai homenagear o Dia Internacional do Direito à Verdade, data que remete às violações aos direitos humanos e da dignidade das vítimas, Erundina e deputados do Psol tentaram fazer com que o painel integrasse a mostra.

O deputado Glauber Braga (Psol-RJ), como presidente da Comissão de Legislação Participativa, pediu a autorização para usar a peça, que integra acervo da Câmara, mas a liberação foi negada.

No ofício a Diretoria Executiva de Comunicação e Mídias Digitais da Casa alega que a exibição do quadro “não atende os critérios da classificação indicativa para artes visuais do Ministério da Justiça”. A negativa tem como base um artigo do manual da pasta que regulamenta o acesso a exposições com conteúdo de tortura.

O item foi inserido na gestão de Jair Bolsonaro como presidente da República, com Anderson Torres como ministro da Justiça. O ex-presidente já exaltou em diferentes ocasiões o torturador Brilhante Ustra e nega a ditadura militar.

O quadro faz parte do acervo da Câmara desde 2012, mas passou a maior parte do tempo escondido dos olhos do público. O painel chegou a ser exibido na Câmara em dezembro daquele ano, na mostra Parlamento Mutilado: Deputados Federais Cassados pela Ditadura de 1964. A peça chegou a ficar anos com paradeiro desconhecido e hoje está guardada no acervo da Câmara.

Com O Globo e ABI