Cientista político americano diz que reeleição de Tramp é mais fácil do que a de Bolsonaro

BRASILIA – Para o cientista político americano David Fleischer, 78 anos, é importante aprovar uma reforma tributária para o país ainda este ano.

Mas, para ele, há poucas chances que se aprove um projeto tão amplo como este porque são muitas as propostas em discussão.

Ele cita que outros países optaram por mudanças menores, fatiadas. Para tornar as coisas ainda mais difíceis, este é um ano eleitoral, o que torna o calendário mais complicado.

Ele critica o governo de Jair Bolsonaro pelas relações conturbadas com o Congresso e com as universidades. Mas não considera que existam riscos à democracia.

Fleischer é professor emérito da UnB (Universidade de Brasília) e nasceu em Washington, EUA. Está em Brasília desde 1972.  “Eram anos de chumbo”. Veja a entrevista que ele deu ao Poder 360.

Quanto o Brasil mudou desde a sua chegada?

Quanto me instalei em Brasília em janeiro de 1972 eram os anos de chumbo. Em 1974 a coisa amainou 1 pouco com Geisel. Com Figueiredo, mais 1 pouco. Quando vim pela 1ª vez ao país, em março de 1962, Tancredo era 1º ministro. Estava no sul de Minas no golpe de 1964. O Brasil teve altos e baixos. Década perdida nos anos 1980. Os  impeachments. Ninguém fala que impeachment do Collor foi o 1 golpe como falam da Dilma

Bolsonaro rejeita o presidencialismo de coalizão. Isso é bom ou ruim?

Acho que é ruim porque, apesar de ter sido a política velha do toma lá da cá, no regime presidencialista o presidente negocia a aprovação dos projetos com o Congresso. Na Argentina, no Uruguai e nos EUA é assim. O Congresso não se adaptou à nova política. Então várias vezes Bolsonaro teve que usar a velha política de distribuir carguinhos para alguns deputados e senadores e assim conseguir a aprovação d e projetos. Ele já se curvou a política velha várias vezes. Mas não tem uma nova articulação política. O Legislativo tem muito peso na articulação dos Três Poderes dentro do sistema de Montesquieu. Os Três Poderes têm que articular entre si. O presidente, se quer governar, tem que ter uma relação adequada com os demais Poderes.