BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – Em depoimento à Polícia Federal, o advogado e empresário Luís Felipe Belmonte, de Brasília admitiu que pagou R$ 9,5 mil para reformar um escritório em Brasília de um dos filhos do presidente da República, Jair Renan.

Uma merreca. Belmonte gastou muito mais de R$ 4 milhões na campanha eleitoral de 2018. Também contribuiu financeiramente para criar o partido de Bolsonaro – que não saiu do papel. O advogado seria o vice presidente nacional do Aliança pelo Brasil.

Luiz Felipe é também mestre de um centro espírita beneficiente, cuja sede geral fica em Brasília. Ele se aproximou de Bolsonaro nas eleições de 2018, após chegar de Londres, onde residia.

De cara elegeu a mulher, Paula Belmonte, deputada federal. Ela é do  Cidadania mas apoia Bolsonaro. Ele tucano.

Foto de 15/06/2019. Edy Amaro – CB

Em 2018 ele também foi eleito primeiro suplente do senador Izalci Lucas (PSDB). Lucas é candidato a governador do DF. Se vencer, Belmonte ganha quatro anos no Senado.

Para campanha de Izalci, o advogado deu R$ 1 milhão de contribuição.

Na PF Belmonte declarou que filho do presidente e seu ex-parceiro de negócios, Allan Lucena, solicitaram a reforma do imóvel. E que ele ajudou.

A Polícia Federal investiga possível crime de tráfico de influência, após a revelação de que Renan e Allan Lucena buscaram empresários locais para montar o escritório utilizado pelo filho do presidente, em um camarote do estádio Mané Garrincha, no DF.

MESTRE ESPIRITUAL

De acordo com a revista Istoé, o mestre Belmonte foi o principal operador político do Aliança pelo Brasil, o partido que o presidente Jair Bolsonaro tentou criar. E o maior doador de campanhas do DF em 2018.

”Sou de família militar. Meu pai é militar e eu era afinado com o ideário do movimento do Bolsonaro”, disse Belmonte à Istoé

Questionado pela revista sobre uma doação de R$ 10 mil para o PCdoB, se não poderia ser usada contra ele por adversários de Bolsonaro, o advogado afirmou que apoia ideias e pessoas.

“Eu combato muito fortemente tudo aquilo que veio de decálogo de Lenin e do Foro de São Paulo. Não combato pessoas, mas ideias inadequadas.”

Os partidos que receberam doações do advogado, ajudaram a eleger a mulher dele, Paula, que concorreu por uma sigla e centro esquerda.

Belmonte atuou como advogado do empresário e ex-senador Luiz Estevão, que cumpre uma pena por fraudes na construção do TRT de São Paulo.

CAPIXABA

Essa confusão envolvendo o filho do presidente começou depois que a empresa dele (Renan) ganhou de presente um carro elétrico de uma empresa capixaba, tudo indica, a troco de uma audiência conseguida pelo filho do ‘mito’.

O carro elétrico avaliado em R$ 90 mil foi doado pela Neon E. Motors, pertencente ao grupo capixaba Thomazini, atuante nos setores de mineração e construção. Eles queriam ‘vender’ para o governo um projeto um de casa popular, de baixo custo.

A família capixaba é forte também na pecuária, especializou-se no gado caribenho senepol, cujo touro é caracterizado por uma forte libido. Os Thomazini rodam o país em eventos do setor, promovendo as crias. É um mercado onde uma vaca chega a valer R$ 313 mil.

A empresa possui o maior rebanho da raça no Espírito Santo é comandada por Jhonatan Thomazini, o mesmo empresário por trás da concessionária de veículos.

Jhonatan é irmão de John, o membro da família que aparece em foto com Jair Renan e o ministro da Integração Nacional, Rogério Marinho, em Brasília.

A empresa Bolsonaro Jr Eventos e Mídia — ou RB Eventos e Mídia Eireli — tem Jair Renan, o filho Zero Quatro, como sócio único. E tem como atividade principal “serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas”.

A Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAES) prevê, nesse escopo, itens como “serviços de remates rurais”, “gestão de parque para feiras agropecuárias”, “exposição de animais em feiras” e “organização de parque de leilão de gado”.

(Com O Glogo, Istoé, Antagonista e Revista Rural)