BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – Após três meses de trabalho, a tapeçaria de Burle Marx foi restaurada e retornou ao Salão Negro do Congresso Nacional nesta segunda (23).
Estimada em R$ 4 milhões pelo Instituto Burle Marx, a obra foi arrancada da parede, suja com urina e pó de extintor de incêndio jogado por eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Essa foi a 19ª obra recuperada, de um total de 21 peças vandalizadas durante a invasão de 8 de janeiro, das sedes dos 3 poderes, após a derrota de Bolsonaro para Lula.
A peça, com quase cinco metros de largura, foi enviada para restauração em um ateliê de São Paulo. Uma equipe do Senado se revezou para acompanhar diariamente todo o processo, inclusive em fins de semana e feriados.
Restauração
Para a realização do trabalho, foi necessário contratar empresa especializada, uma vez que a equipe de restauradores do Serviço de Conservação e Preservação do Museu (SECPM) não dispõe de espaço físico e estrutura adequada para tratamento de obras de grande porte.
Em São Paulo, Raul Carvalho foi o profissional responsável por coordenar uma equipe de oito restauradores, que contava também com um especialista em restauro de têxtil. Ele conta que o processo foi complexo em decorrência da solubilidade de algumas lãs, o que poderia manchar a tapeçaria se ela fosse lavada:
Raul contou que o rasgo foi fechado e foi aplicado um forro de tecido em poliéster extremamente resistente. Também foram adicionadas fitas de velcro pra ajudar na fixação da parede.
Toda a restauração foi orçada em R$ 170,3 mil. Devido ao alto valor da obra de arte, um bem público, foram contratados também uma transportadora especializada e um seguro, nos valores de R$ 37 mil e R$ 28,9 mil, totalizando um curso de R$ 236,2 mil.
A obra
O modernista Burle Marx (1909-1994) foi paisagista, desenhista, arquiteto, pintor, ecologista, botânico, escultor, gravador, litógrafo, ceramista, tapeceiro, decorador, designer têxtil e de joias e se tornou internacionalmente reconhecido como arquiteto-paisagista, com inúmeros projetos realizados em diversos países.
O acervo do Museu do Senado possui quatro obras do artista. Além da tapeçaria em algodão, há também três telas pintadas com técnicas variadas.
Exposta no Salão Negro do Congresso Nacional, a tapeçaria, que mede 3,28m por 4,83m, foi criada em 1973 e integra o patrimônio do Senado Federal.
Suas formas irregulares e assimétricas, em tons de verde, vermelho, azul, preto e branco, criam imagens conforme o olhar do espectador.
São características da tapeçaria do paisagista e arquiteto Roberto Burle Marx, em tons de verde, vermelho, azul, preto e branco.
Com Agência Senado
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