BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – Essa eleição promete ser mais suja do que a guerra que a poderosa Rússia trava contra a Ucrânia.

Já estão disponíveis na internet sites que permitem clonar vozes de pessoas. É o Deep fake, uma técnica de síntese de imagens ou sons humanos baseada em técnicas de inteligência artificial.

É usada para manipular um vídeo já existente. Trata-se de uma ferramenta para a criação de áudios e vídeos que simulam a imagem e a voz de personalidades.

Isso expõe uma nova via de desinformação, e potencializa prejuízos causados pela circulação de notícias falsas no processo eleitoral.

A tecnologia surgiu há pelo menos cinco anos nos Estados Unidos, mas foi há um ano que os mecanismos que permitem a invenção em português se tornaram generalizados.

O ex-presidente Barack Obama (EUA) foi uma das vítimas. Existem pelo menos quatro sites na Internet onde, para criar uma locução deepfake com vozes reais, o usuário simplesmente entra no texto e clica no botão.

Dois desses locais possuem geradores de voz de políticos brasileiros, entre eles Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

DEEP FAKES

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o deputado estadual Arthur do Val (sem partido) também foram ‘clonados’. Youtubers famosos como Felipe Neto e jornalistas também estão na lista.

De acordo com a promotora Neide Cardoso, coordenadora adjunta do Grupo de Apoio a Crimes Cibernéticos (MPF), os deepfakes são difíceis de rastrear.

O que pode ser complicado para um candidato bem-sucedido. Até retirar a gravação falsa da antena, o prejuízo poderá estar consolidado. Também é complicado punir o responsável pelo crime.

Segundo ela, uma preocupação das autoridades eleitorais é o fato de algumas ferramentas estarem hospedadas fora do Brasil.

“Estaremos sempre sujeitos a isso, porque não é apropriado (durante a campanha eleitoral) pedir cooperação internacional e a remoção desses conteúdos”, afirmou.

“O dano é inimaginável. Não importa o quanto você negue, o resultado da retratação nunca mais será o mesmo” completou Neide.

( Com informações de O Globo)