BRASÍLIA – Os deputados federais gastaram no primeiro ano de mandato R$ 41.186.700,37 de recursos públicos com divulgações das atividades legislativas.
O montante equivale a 23,71% do valor utilizado das cotas parlamentares, que chegaram a R$ 173.709.230,80 em 2019.
Segundo levantamento feito pelo Metrópoles, em 2019, Soraya Manato foi a deputada que mais despendeu recursos em propaganda própria. Ela usou R$ 99.766 de dinheiro público para bancar publicidade em sites, jornais e rádio.
Só em setembro, a parlamentar do Espírito Santo utilizou R$ 54.748 em divulgação. À época, Soraya mandou imprimir 60 mil informativos relativos ao mandato, que custaram R$ 48.750.
Há ainda notas, publicadas no portal da Transparência da Casa, que mostram R$ 2 mil em propagandas de rádio, além de contratos para produção de matérias sobre a atuação dela na Câmara dos Deputados.
O segundo parlamentar mais gastador foi Helder Salomão (PT-ES). O petista empregou R$ 99.490 para publicar propagandas próprias. Em um mês, o deputado destinou R$ 6 mil a uma empresa para fazer manutenção de site, customização das redes sociais, criação de cartazes e redação de postagens na internet.
“Hoje, como os canais digitais são de comunicação e interação com os eleitores, alguns assessores não conseguem fazer tudo. Precisariam fazer foto, vídeo, responder comentário, alimentar páginas pessoais. Por isso, é muito comum encontrar assessores enviando fotos e vídeos para empresas terceirizadas”, explicou Vitorino.
A terceira posição entre os 513 deputados é ocupada por Padre João (PT-MG), que gastou R$ 99.253,92. Em dezembro, o político mineiro chegou a destinar R$ 28.400 de uma vez só para a confecção de 170 mil panfletos. Em abril, o petista imprimiu 150 mil folders, no valor de R$ 12.280. Mas o tema, na ocasião, foi para promover a reforma da Previdência.
Em quarto e quinto lugares encontram-se, respectivamente, Angela Amin (PP-SC), com R$ 98.989, e Emanuel Pinheiro Neto (PTB-MT), que gastou R$ 98.980.
Vitorino explica que, apesar de este ano ter eleições municipais, o custo de divulgação de mandato deve ser significativamente inferior ao de 2019.
“Isso deve ocorrer por dois motivos: primeiro, porque eles não podem fazer impulsionamento nas redes sociais no pré-período eleitoral, mesmo não sendo candidatos – o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] já decidiu que não poderia ocorrer durante a campanha ao pleito; segundo, devido à falta de conhecimento acerca das normas para as eleições, porque parlamentares temem ser punidos se eventualmente fizerem alguma menção da corrida às prefeituras. É uma decisão confusa”, avalia o especialista.
A pré-campanha é o período que antecede as eleições. É um momento no qual os candidatos devem intensificar as propagandas, uma vez que o rito das urnas dura apenas 45 dias. O postulante pode fazer publicações nas redes sociais normalmente – e inclusive promovê-las – mas nelas não devem ter propagandas políticas ou pedido de votos. O conteúdo pode abranger projetos e plano de gestão, contudo.
Veja o ranking dos 10 deputados que mais gastaram:
- Soraya Manato (PSL-ES) – R$ 99.766
- Helder Salomão (PT-ES) – R$ 99.490
- Padre João (PT-MG) – R$ 99.253,92
- Angela Amin (PP-SC) – R$ 98.989
- Emanuel Pinheiro Neto (PTB-MT) – R$ 98.980
- Professor Alcides (PP-GO) – R$ 98.880
- José Mário Schreiner (DEM-GO) – R$ 98.200
- Genecias Noronha (Solidariedade-CE) – R$ 98.000
- Edio Lopes (PL-RR) – R$ 96.200
- Alexandre Frota (PSDB-SP) – R$ 95.930