Davi Alcolumbre usa a CCJ para manipular oposição contra Lula

BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO –  Padrinho político de dois ministros do governo, o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) virou uma pedra no sapato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), principal comissão do Senado.

Ele usa a CCJ para ocupar mais poder no governo do PT. Em campanha para voltar a comandar a Casa, o parlamentar passou a fazer acenos à oposição ao dar vazão a pautas que incomodam o Planalto. Força o governo a atender suas exigências.

Alcolumbre é o pai do orçamento secreto, e durante a campanha eleitoral do ano passado fez doações a diversos candidatos a senador, para ampliar sua influência na Casa. Mas nem todos que ele apoiou venceram a eleição.

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Ao mesmo tempo, impediu a sabatina de indicados ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para, segundo aliados do petista, tentar influenciar as escolhas para o STF e a Procuradoria-Geral da República.

Entre as medidas que Alcolumbre colocou em votação está o projeto que define um marco temporal para a demarcação de terras indígenas no país, o que vai contra uma das bandeiras da esquerda.

O texto, também aprovado no plenário do Senado, teve oposição do governo, que ainda discute um possível veto de Lula.

Ele também liderou a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que limita as decisões monocráticas de ministros do STF, pauta encampada pela oposição.

Em outro movimento que desagrada a base, o senador escolheu Efraim Filho (União PB), ex- aliado de Bolsonaro, para relatar uma PEC que torna crime transportar qualquer quantidade de drogas.

A descriminalização é defendida pela esquerda e está sendo julgada no STF. Procurado, a Alcolumbre não quis comentar.

Como presidente da CCJ, cabe ao senador controlar a pauta de votações da comissão, poder que costuma usar para ampliar sua influência no Senado e até fora dele.

Em 2021, por exemplo, atrasou por quatro meses a sabatina do ministro André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro ao STF, após divergências com o então presidente sobre o controle do extinto orçamento secreto.

Com Agências Folha e Estado