Tuítes falsos foram usados para acusar o youtuber de apologia à pedofilia

BRASÍLIA – Senadores foram ao Twitter nesta terça-feira (28) manifestar solidariedade ao youtuber Felipe Neto, vítima de ataques e notícias falsas disseminadas pelas redes sociais nas últimas semanas.

Felipe Neto foi atacado após fazer críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro. O youtuber tem 32 anos e quase 39 milhões de inscritos em seu canal de vídeos, além de pouco mais de 12 milhões de seguidores no Twitter.

Neto disse que “não vai responder ao ódio com ódio”.  Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), a reação foi perfeita.  Carvalho disse que “a verdade prevalecerá”.

Outro petista que se alegra com as críticas a Bolsonaro, senador Humberto Costa (PE) afirmou que foram enviadas cerca de 3,5 milhões de mensagens de ódio contra Felipe Neto em apenas 48 horas.

Segundo Humberto, “a rede de mentiras montada é gigante, e é urgente que seja desmontada”.

O senador também disse que, como membro da CPI das Fake News, faz questão de reforçar a necessidade “de continuar a ir atrás dos articuladores desse gabinete do ódio que segue funcionando a todo vigor”.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também se solidarizou com Felipe Neto. O parlamentar disse sentir “na pele” os danos da propagação de fake news por ser um dos senadores “mais atacados com mentiras”.

De acordo com Randolfe, “se pararmos para pensar, todo mundo sofre pelos atos criminosos promovidos por essas milícias virtuais”.

Na mesma linha, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) apoiou o youtuber, “mais uma vítima da máquina de mentira e calúnia que alimenta a desinformação e o ódio nas redes sociais”.

STF

As manifestações de solidariedade a Felipe Neto acontecem após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que na última sexta-feira (24) mandou suspender contas de aliados do presidente Jair Bolsonaro no Twitter e no Facebook.

O bloqueio ocorreu por suposta disseminação de notícias falsas e mensagens de ódio. Em seguida à decisão de Moraes, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com uma ação contra a derrubada desses perfis.

Senadores dos partidos de oposição criticaram a AGU, já que, segundo eles, as contas não teriam relação direta com o governo.

Já Chico Rodrigues (DEM-RR), que é vice-líder do governo no Senado, argumentou que a ação não foi movida pela AGU em defesa de Bolsonaro, mas da liberdade de expressão e da manifestação do pensamento.

Para o senador, a decisão monocrática de Alexandre de Moraes é uma forma de censura e uma “ditadura do Judiciário”.

Outro governista, senador Luiz do Carmo (MDB-GO) afirmou que “jamais imaginaria que a ditadura poderia voltar por um ministro do STF”.

Ele disse que o ministro Alexandre de Moraes “impôs um regime de ditadura no Brasil com sua decisão de censurar contas do Twitter que têm opinião diferente da dele”. Para Luiz do Carmo, “o Senado deve agir e dar um basta nisso”.

Projeto

No final do mês passado, o Senado aprovou o projeto de lei de combate às fake news (PL 2.630/2020), que cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, com normas para as redes sociais e para os serviços de mensagem como WhatsApp e Telegram.

A intenção é evitar notícias falsas que possam causar danos individuais ou coletivos e à democracia. De autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), o projeto foi relatado pelo senador Angelo Coronel (PSD-BA) e agora está em análise na Câmara dos Deputados.

(Com informações da Agência Senado)