NEW YORK, NEW YORK - APRIL 12: Professor Stephen Hawking onstage during the New Space Exploration Initiative "Breakthrough Starshot" Announcement at One World Observatory on April 12, 2016 in New York City. (Photo by Jemal Countess/Getty Images)

Por Luiz Trevisan

No dia em que é anunciada a morte do astrofísico inglês Stephen Hawking, 76 anos, considerado uma das mentes mais brilhantes da raça humana, a CNI divulgou pesquisa em que maioria dos brasileiros consultados querem um novo presidente da República que seja honesto.

Evoluímos, em tese. E mais, eis a correlação: 79% defendem que esse candidato acredite em Deus. Sem nem entrar no mérito de que o Estado é laico, esse item tem a ver com o físico inglês que nos deixou.

Hawking ficou famoso não apenas por suas teorias cientificas, mas também por suas frases espirituosas, que sempre vinham impulsionadas por serem feitas por uma pessoa fisicamente deficiente.

“Ninguém resiste às teorias de um aleijado”, pilheriava sobre sua doença degenerativa. Ganhador de prêmios, autor de best-seller e laureado mundo afora pelas academias, Hawking, por uma questão religiosa, jamais teria a confiança da maioria do eleitorado brasileiro, a levar em conta a pesquisa da CNI.

Veja o que ele disse sobre o criador e a criação: “Eu acredito que a explicação mais simples é: não existe Deus. Ninguém criou o universo e ninguém dirige nossos destinos. Provavelmente, não há céu e nem vida após a morte. Temos apenas esta vida para apreciar o grande projeto do Universo. E eu sou grato por isso”.

Em outra ocasião, foi mais ácido abordando o assunto: “A crença na vida após a morte é um conto de fadas para quem tem medo de morrer”.

Concordando ou não, o cara sempre foi instigante, e resumiu o nosso infinito particular da seguinte forma: “Somos apenas uma estirpe avançada de macacos em um planeta menor de uma estrela comum. Mas podemos entender o universo. E isto nos faz especiais”.

Também especulou dessa forma sobre o futuro da humanidade: “Não creio que a raça humana possa sobreviver aos próximos mil anos, a menos que nos espalhemos pelo espaço”.

Onde e como fazer isso é que são elas. Espacialmente ainda engatinhamos. Pisar em Marte, no nosso quintal solar, é tarefa complicada e cara. Já a degradação dos recursos naturais só aumenta junto com a explosão populacional.

Naturalmente há a turma que via e vê Hawking com outros olhos. Não passaria de um herege ou que seria apenas mais um físico cheio de teorias especulativas, muitas sobre buracos negros, e que por isso não ganhou o Nobel.

O famoso prêmio dado pela academia sueca, como se sabe, exige comprovação da teoria. Foi autor de um livro que vendeu milhões, ”Uma breve história do tempo”, porém trata-se de obra de leitura complexa. E virou ícone: um corpo disforme associado uma cadeira de rodas com a cabeça nas estrelas.

E sempre dando toques cósmicos, como diria Baby Consuelo. Lapidar foi seu alerta diante das tentativas de se manter contatos com civilizações extraterrestres por meio de sondas enviadas ao espaço carregadas de imagens das riquezas do nosso planeta.

Sugeriu, simplesmente, parar com essas tentativas: “Se extraterrestres nos visitarem um dia, acredito que o resultado será igual quando Colombo desembarcou na América. Um resultado nada positivo para os nativos”.

O cara sabia das coisas. Contudo, se por acaso dependesse do eleitorado brasileiro, ficaria a ver e ouvir estrela.

(Trevisan é jornalista, escritor e músico)