Pousada dos Guias, em Alto Paraíso de Goiás. Foto: Divulgação

BRASÍLIA – AGÊNCIA CONGRESSO – Com a crise econômica agravando cada vez mais a situação dos brasileiros, e a falta de feriados prolongados no segundo semestre de 2019, a saída encontrada pelos donos de pousadas e hotéis foi reduzir o valor das diárias.

A ocupação das pousadas em Alto Paraíso de Goiás, diminui em 30% no período de baixa temporada, segundo o empresário e vereador, Claudiomar Teles Gonçalves, 42. Ele afirma que a melhor saída é reduzir o valor da estadia.

“A gente imagina que o movimento no segundo semestre, devido à falta de feriados, deve ser menor, quando você tem um período de muita oferta e pouca demanda a melhor saída é baixar os preços”, disse para a Agência Congresso.

Alta temporada

Neste mês de julho, no entanto, a cidade está lotada devido às férias de meio de ano e recesso político em Brasília.

Distante 230 quilômetros da capital federal, Alto Paraíso – e o distrito de São Jorge – são as principais opções dos brasilienses – e residentes – devido a falta de praia no estado de GO.

No segundo semestre deste ano não terão mais feriados prolongados e os empresários do ramo precisam estar atentos ao baixo rendimento nesse período. Diárias que custam em média R$ 250 para duas pessoas, pode chegar a R$ 180 na baixa temporada. Ou menos se o turista chorar.

Alto Paraíso de Goiás é um município situado na Chapada dos Veadeiros e, desde 2001, na Área de Proteção Ambiental – APA de Pouso Alto.

A cidade reúne natureza, ecoturismo e espiritualidade e tem mais de 200 hospedagens que acomodam entre quatro e cinco mil hóspedes, segundo a Secretaria de Turismo de Alto Paraíso de Goiás.

Claudiomar é dono da Pousada Rubi Violeta, em Alto Paraíso, e atende turistas de todo o Brasil que querem conhecer a Chapada dos Veadeiros, sua pousada tem 13 quartos e hospeda 35 a 40 pessoas.

Desde 1994 no ramo de turismo como guia turístico, Claudiomar acredita que uma forma de atrair clientes é prezar pelo atendimento acolhedor e de qualidade. 

A Pousada dos Guias, também em Alto Paraíso já passou por altos e baixos. O dono, Jânio Teles Pereira, 43, administra o negócio de hotelaria desde 2003 e afirma que é preciso sair da zona de conforto para lidar com os momentos de crise.

“Comecei com sete apartamentos, numa área de 450m² aproximadamente, hoje oferecemos 38 apartamentos e uma área de 4000m², com muito êxito e muita garra consegui chegar onde cheguei”, afirma.

Segundo os pousadeiros, o período de maior movimento, a alta temporada, é durante as férias de janeiro e julho e nos feriados prolongados, principalmente no Carnaval e no Réveillon. 

Concorrência

A crescente popularidade de aplicativos de hospedagem como o Airbnb, diminuiu a procura por hotéis e pousadas, pelo custo ser mais barato. 

Os hoteleiros Célia da Mota, 50, e Jardel Mendes, 48, são donos da Pousada Beija Flor, em Alto Paraíso, e afirmam que o movimento tem diminuído bastante com o crescimento do Airbnb.

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“Isso tem aumentado de uns dois anos para cá. É uma concorrência desleal. Muitas pessoas chegam aqui [em Alto Paraíso], alugam uma casa e fazem um hostel ou aluga pelo aplicativo [Airbnb]. Já tem mais de 140 opções só em Alto Paraíso”, disse Célia.

Nos períodos de baixa temporada, Célia diz que as contas ficam apertadas e que sempre ficam no “vermelho” nessa época. Os artifícios usados não são diferentes das outras pousadas, é preciso baixar os preços.

“Procuramos anunciar, fazer promoções, tudo possível para trazer mais hóspedes”, conclui.

Pousada Beija-Flor, em Alto Paraíso de Goiás


O secretário de turismo de Alto Paraíso, Moisés Nunes Neto, disse para a
Agência Congresso que mesmo na baixa temporada a cidade consegue se sustentar com o turismo.

“Nós vivemos uma coisa atípica hoje: o turista descobriu Alto Paraíso, independente de nós termos feriados prolongados, de quinta a domingo a cidade tem um movimento considerável.”

Moisés disse que durante os feriados a cidade chega a receber 15 mil turistas de todo o Brasil, já nos períodos de baixa temporada, apenas cinco mil visitantes.

“O turista tem vindo independente de ser feriado prolongado ou não, nós temos uma frequência grande de turistas no município, a cidade está totalmente lotada, mesmo no período de frio”, afirma.

Espírito Santo – Caparaó 

O casal de aposentados Tanit Figueiredo Mário, 60, e Paulo Antonio Duarte, 58, sempre foi apaixonado pela Região do Caparaó, no Espírito Santo. Depois que aposentaram, decidiram abrir um negócio no lugar que tanto amam.

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Vista da descida para a Cachoeira da Farofa, no Parque Nacional do Caparaó, na fronteira entre Minas Gerais e Espírito Santo. Foto: Viagem/Abril

 

“A gente começou a frequentar o Caparaó como turistas e nos apaixonamos pela região, e aí toda vez que a gente tirava férias, feriadão, vínhamos pra cá, virou ‘o destino’”, disse a jornalista Tanit para a Agência Congresso.

Aberta há oito meses, a Pousada e Restaurante Jardim Caparaó, de Tanit e Paulo, ainda não enfrentou os grandes problemas apontados pelos hoteleiros de Alto Paraíso. Tanit disse que a pousada ainda é muito “neném”, mas está dando certo.

A hospedagem rural do casal acomoda quatro pessoas, oferece café da manhã e isolamento total da vida corrida e tumultuada da cidade. No restaurante, pratos variados são oferecidos, e muitas opções são preparadas com palmito colhido na propriedade.

Tanit conta que o movimento de clientes está começando a se formar, devido à pousada ter pouco tempo de funcionamento.

“Nós já recebemos famílias, grupos, às vezes o movimento fora do feriado é até melhor, chega gente pra almoçar, às vezes reservando a pousada, aqui ainda está no início de movimento turístico, as pessoas ainda estão descobrindo o Caparaó”

“No feriado a gente percebe que o movimento melhora um pouco. Nossas expectativas para o próximo semestre é que esse movimento cresça.”

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