BRASÍLIA -AGENCIA CONGRESSO – A pouco menos de um ano da votação, o ambiente não é favorável aos postulantes ao Palácio do Planalto. Jair Bolsonaro tem índices de rejeição acima de 60%.

Seu ex-ministro Sergio Moro, que acaba de se filiar ao Podemos, lida com números parecidos. Os porcentuais de Lula são menores, na casa dos 40%.

Mas até agora Lula não foi submetido à artilharia pesada dos concorrentes, o que certamente ocorrerá quando a campanha começar.  Todos os três têm passivos conhecidos que ajudam a explicar a situação.

O mau humor do eleitor decorre de uma combinação de fatores. Um deles — antigo e notório — é a insatisfação com a qualidade dos serviços públicos e com o descompasso existente entre o que a sociedade espera e o que os governantes fazem.

Outro — mais recente e que serviu de catalisador para a explosão da rejeição — é o clima de acentuada polarização. Hoje, opositores não são considerados simplesmente adversários dos quais se discorda, mas inimigos a ser odiados e, preferencialmente, abatidos.

Em disputas eleitorais recentes, o debate de ideias foi perdendo espaço para a animosidade e o ódio. Agora, a pergunta não é mais sobre quem tem o melhor projeto, mas qual sentimento prevalecerá: o antipetismo ou o antibolsonarismo.

É o tipo de dilema que só interessa aos envolvidos. Refém da polarização, o país desperdiça a oportunidade de discutir projetos estruturantes — e o eleitor, cansado, perde a paciência e a fé em dias melhores. (Fonte: VEJA)