Quer deixar líderes de partidos como PP, DEM, PR, MDB, PSD, PRB, PROS, PODE, PTB, SD, PSC e PHS irritados? Basta dizer-lhes que integram o Centrão. “Não há Centrão.
A imprensa insiste nessa classificação pejorativamente”, costuma reclamar o líder do PP, Arthur Lira (AL).
De fato, hoje não existe formalmente esse bloco. Mas os líderes desses partidos mantêm, digamos, uma afinidade muito grande. Divergem pontualmente aqui e ali, mas com o meteórico enfraquecimento do governo de Jair Bolsonaro, tornaram-se a principal força do Congresso.
Descobriram que, juntos, têm capacidade de mobilizar 250 dos 513 deputados. O PT, que lidera a oposição, tem 56, o PSL do presidente Bolsonaro, 55, e os outros cerca de 150 se flutuam entre governo, oposição e Centrão.
Ou seja, para onde pender o Centrão, forma-se uma maioria avassaladora na Casa. Na Comissão de Constituição e Justiça, o governo tentou enfrentar o grupo num requerimento de inversão de pauta e perdeu por 50 a 5.
Os líderes do Centrão decidiram agora que o projeto só será aprovado se o governo abrir mão, já na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), de alguns pontos do texto. Resultado: a votação foi adiada para a semana que vem.
O Centrão apareceu na política em 1987, durante a Assembleia Constituinte, para apoiar o então presidente José Sarney, acossado pelo então poderosíssimo presidente da Câmara, Ulysses Guimarães (MDB-SP).
Era integrado por uma parte do MDB que se aliou ao PFL, PDS, PTB, PL e PDC. Reapareceu com o apelido de Blocão por iniciativa do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Novamente reunia um grupo de agremiações sem plataforma ideológica definida, mas com coloração de centro direita: PMBD, PP, PTB, PR, PSC, PROS, SD, PRB, PSD, PEN, PSL, PTN, PHS, PTdoB e uma parcela do DEM. Enfim, uma salada.
Com a queda de Eduardo Cunha, o Centrão voltou a se reunir em torno da candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para presidente da Câmara. A vitória foi expressiva quando Maia conseguiu o apoio de partidos de esquerda.
Alguns dos partidos do Centrão chegaram a formalizar uma união para apoiar a campanha de Maia a presidente da República. Depois, junto com seu candidato, apoiaram o tucano Geraldo Alckmin.
Derrotados por Jair Bolsonaro na campanha eleitoral, Maia, o PSDB e o Centrão passaram a manter um diálogo muito próximo.
O presidente da Câmara sabe que, mais do que poder próprio, sua força agora está na proximidade com o Centrão. E na capacidade de atrair, ora a esquerda, ora o governo para votar junto com o grupo.