BRASÍLIA  AGENCIA CONGRESSO – A decisão do  presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de redistribuir o número de assessores na Casa para beneficiar deputados que trocaram de partido é um prêmio à infidelidade partidária.

A afirmação é do líder da Maioria na Câmara, deputado Lelo Coimbra, do MDB. Para ele, o atual quadro eleitoral expressou a voz das urnas. “Com as infidelidades estimuladas e compradas por financiamento eleitoral vieram na contramão do desejo da sociedade anti corrupção. Essa redistribuição se soma ao sentimento da manutenção da realidade atual”, afirmou.

A votação da proposta de Maia enfrenta resistência de bancadas reduzidas como o MDB que cai de 116 para 85, ou seja, 31 cargos a menos.

Do ES quatro trocaram de partido, Evair Melo saiu do PV e foi para o PP. Jorge Silva deixou o Pros e foi para o Solidariedade. Carlos Manato deixou o Solidariedade e foi para o PSL, e Givaldo Vieira foi do PT para o PC do B.

A proposta do presidente da Câmara é para que siglas que perderam deputados percam cargos. Essas vagas vão migrar para as agremiações que ganharam nomes.
 
Se aprovada a redistribuição, a liderança do PP passa de 85 cargos para 116 e a do DEM, de 66 para 85. O PROS e o PSL, do presidenciável Jair Bolsonaro, de 25 para 37 cada um, e o Podemos sobe de 37 para 55. Ao todo existem 2025 cargos
 
São os chamados CNEs (Cargo de Natureza Especial) com salários de cinco a 15 mil reais. E geralmente são distribuídos entre os deputados da legenda. Cada parlamentar pode indicar até duas pessoas.
 
“Eu nunca tive cargo”, disse Evair. Ele defendeu que o presidente Rodrigo Maia enxugue a Casa, ao invés de redistribuir os cargos: “Existem cargos demais. Eu trabalho em média com 50% dos cargos e não tenho problema”.
 
Já o quarto suplente da Mesa Diretora, deputado Carlos Manato, é a favor da medida adotada por Rodrigo Maia “Muitos partidos cresceram, outros diminuíram. É justo. A decisão tá certa”, afirmou. O partido de Manato vai ganhar 12 cargos extras.
 
Maia evou o tema para a reunião de líderes na semana passada, mas não conseguiu pautá-lo. Para a aprovação, é necessária apenas maioria simples dos presentes. Semana que vem o tema volta a ser discutido na Casa.
 
A proposta, assinada pelos sete membros da Mesa Diretora da Câmara, não prevê a criação de cargos nem aumento de despesa.
 
Mas a medida é vista como eleitoreira porque as indicações não passam por concurso público e muitos dos indicados acabam trabalhando na campanha política do parlamentar que fez a indicação.