Foto Marcos Rosetti - tirada no café do Senado quando os dois ainda eram aliados.

BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – Não é certo afirmar que o ex-governador Renato Casagrande (PSB) voltou ao poder apenas porque o atual detentor do cargo desistiu da reeleição. Enquanto Paulo Hartung (MDB) decidia o que faria do futuro, Casagrande pedia voto.

Desde que deixou o governo em 2014 que RC pegou a estrada rumo a reeleição.Venceu pela perseverança e pela articulação política que eliminou o espaço dos adversários. 

As pesquisas – antes de PH desistir – já colocavam o socialista na frente. Seria uma disputa difícil contra o governador, mas não impossível.

Hartung sempre disputou eleições em ”céu de brigadeiro”. E Casagrande estava disposto ao combate, com sede de desforra, afinal foi derrotado em 2014 no primeiro turno por confiar num falso aliado.

Desgastado pela greve da PM que mostrou seu governo falível e por uma gestão que durante três anos praticamente só arrecadou para pagar ao funcionalismo, Hartung decidiu “passar o bastão”, como ele mesmo se justificou.

RC COMEU PELAS BEIRADAS

Na verdade o bastão lhe foi tirado. As alianças que Casagrande firmou para a eleição proporcional com os presidentes regionais de partidos – a maioria candidatos – também fechou o cerco a possíveis candidaturas no campo governista. Comeu pelas beiradas.

Praticamente toda semana – entre 2017 e 18 -Casagrande se reunia com os presidentes de partidos no café da Câmara em Brasília. Com essa estratégia atraiu o maior numero de legendas.

Após a desistência de Hartung, nomes como do senador Ricardo Ferraço e do vice governador César Colnago – ambos do PSDB -não encontraram espaço para se consolidar.

O campo governita se fragmentou e as viúvas de PH correram como baratas tontas para as demais candidaturas, da senadora Rose de Freitas, do populista Manato, e até de um tal de Aridelmo.

Casagrande se preparou para vencer o adversário mais forte. Qualquer outro seria fácil abater, como foi.

Todo mundo acreditava que Hartung disputaria a reeleição. Seus aliados não se prepararam para enfrentar Casagrande. Mas Casagrande se preparou para enfrentar Hartung.

A eleição ao governo do ES de fato foi decidida em 9 de julho quando Hartung desistiu. Mas se Casagrande não tivesse se movimentando há quatro anos para retomar o bastão não teria vencido no primeiro turno. Venceu por obstinação.

foto arquivo AGCongresso 2010