BRASÍLIA – No final de 2010, Emilio e Marcelo Odebrecht procuraram Lula, preocupados com a eleição de Dilma Rousseff. Temiam perder acesso ao poder.
Num depoimento surpreendente perante o juiz Sérgio Moro, o ex-ministro da Fazenda e ex-ministro-chefe da Casa Civil Antônio Palocci contou ontem que, naquele momento, os dois executivos e o ex-presidente fizeram um “pacto de sangue” que passou por uma conta corrente de R$ 300 milhões que a empreiteira abriu para Lula e o PT.
Parte deste acordo incluiu o sítio de Atibaia, a construção de um museu para o Instituto Lula (que não aconteceu) e um pacote de palestras.
A reunião onde o acordo foi selado ocorreu nos últimos dias de dezembro e a presidente eleita Dilma Rousseff estava presente.
Palocci não tem um acordo de delação premiada. Mas ele está tentando negociar. Sua decisão de colaborar espontaneamente, contando parte do que sabe a Moro, é um aceno de boa vontade.
No início do depoimento, os advogados de Lula questionaram o Ministério Público sobre a existência do acordo.
“Estamos conversando”, respondeu um procurador, “não temos nada prometido, nem assegurado nem garantido, nem ele nos trouxe elementos prova que estão sendo utilizados em qualquer momento.”
Para o Instituto Lula, o depoimento de Palocci entra em contradição com o de outros delatores.
“Um homem preso e condenado”, pôs em nota oficial, “busca negociar um acordo de delação que exige que se justifique acusações falsas e sem provas contra o ex-presidente.”
Mas… internamente, pelo menos um dirigente petista classificou o depoimento como uma “pá de cal”. (Folha)