BRASILIA – AGENCIA CONGRESSO – “O ex-ministro Sérgio Moro não tem chances para 2022. Ele não é do ramo. Levou inúmeras rasteiras de Bolsonaro no governo”, afirmou o marqueteiro baiano João Santana, responsável por uma campanha de Lula, outra de Dilma Roussef, ambos do PT.

Jornalista, publicitário e consultor de imagens, Santana, em entrevista ao Roda Viva na noite de ontem, declarou que a Operação Lava Jato teria levado prêmios de “marketing político e eleitoral” entre 2015 e 2017 caso as premiações existissem.

De tornezoleira eletrônica, ele concedeu a primeira entrevista desde a sua prisão, em 2016, após ser condenado pela operação que critica. Fez uma delação premiada e chegou a devolver R$ 60 milhões de reais, no acordo judicial.

“A Lava Jato foi o melhor esquema político de marketing já montado no Brasil. Se tivesse um prêmio de marketing político eleitoral, a Lava Jato teria levado o tricampeonato”, afirmou.

Sobre as chances do ex-ministro Moro, ele disse o ex-juiz não é do ramo, e que teria dificuldades. E acrescentou não ter nada com o magistrado que o mandou ara a cadeia.

Responsável pelas campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014), ele declarou que a operação utilizou “vertentes perigosíssimas da comunicação política”.

“A Lava Jato, querendo ou não, alimentou a rede de ódios. Tinha matéria-prima, mas não interessa a matéria-prima, estou falando do processo em si. A máquina de ódio foi alimentada”.

E revelou qe não pretende mais fazer campanhas políticas. Que ganhou muito dinheiro, e que as últimas campanhas que fez nem foi por grana “mas pela vontade de vencer”.

Lula vice de Ciro

Para o PT, Santana só vê uma saída, ser candidato a vice de Ciro Gomes em 2022 “Seria uma chapa imbatível. Lula não pode vencer nem perder em 2022. Se ganhar vai estressar o ambiente político e terá que sangrar para governar. Se perder acaba”.

Santana repetiu, ao longo da entrevista, que Lula é “o vice ideal” e que se o PT estivesse determinado a uma chapa composta apenas por nomes do partido, Jaques Wagner seria o mais indicado a presidenciável.

Mas, na visão dele, a saída da esquerda está no pedetista Ciro Gomes. Se as esquerdas se reunirem em torno de Ciro Gomes, Ciro Gomes pode ser um candidato extremamente viável.

BOLSONARO NÃO SE REELEGE

O ex-marqueteiro do PT também afirmou afirmou, que, “ao contrário do que se diz hoje, é muito mais provável que Bolsonaro perca as eleições [do ano de 2022] do que ganhe”.

“Bolsonaro é um fenômeno eleitoral, sim, mas ele não contrariou todas as lógicas de campanha. A campanha de 2018 é que contrariou todas as lógicas da história política eleitoral brasileira”, disse.