Caixa queimou reservas para emprestar dinheiro em pleno período eleitoral. 80% dos que receberam não pagaram

BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – No início de 2022, Jair Bolsonaro viu ruir sua primeira cartada na busca pelos votos das pessoas mais pobres. A criação do Auxílio Brasil não havia gerado o efeito esperado nas pesquisas.

O então presidente decidiu dobrar a aposta. Para isso, recrutou um aliado: a Caixa Econômica Federal, que não poderia ser usada em período eleitoral. Mas a lei foi burlada, caso agora descoberto pelo UOL.

Até as eleições, a Caixa emprestou R$ 3 bilhões no programa, chamado de SIM Digital. Mas muito pouco desse dinheiro retornou. A inadimplência chegou a 80% neste ano, segundo a atual presidente do banco.

Por medida provisória, foram criadas duas linhas de crédito na Caixa para essa fatia do eleitorado. Até a eleição, o banco estatal liberou R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas.

Bolsonaro não se reelegeu, e a política de torneira aberta deixou para trás um calote bilionário nas contas do banco, que só agora começa a ser conhecido. O UOL teve acesso a informações que eram mantidas pela Caixa em segredo.

O banco foi usado como arma da campanha de Bolsonaro, se valendo de manobras inéditas, sem transparência, que expuseram a instituição a um nível de risco inédito na história recente.

CAIXA ELEITORAL

Em 17 de março de 2022, Bolsonaro e o então presidente da Caixa, Pedro Guimarães, assinaram duas medidas provisórias: A primeira criava uma linha de microcrédito para pessoas com nome sujo.

Parte do rombo deve ser coberto com verbas do FGTS. A outra liberava empréstimos consignados ao Auxílio Brasil.

Entre o primeiro e o segundo turno das eleições, a Caixa liberou R$ 7,6 bilhões. O programa é criticado por reduzir o valor do benefício social para pagar o empréstimo.

O índice de liquidez de curto prazo — um indicador de risco — chegou ao menor nível já registrado pelo banco.

(Com informações do UOL)