BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – Deputada polêmica – foi acusada pelo hospital particular DF Star, de fazer uma falsa comunicação de infecção por Covid-19 e que usaria hidroxicloroquina – a paulista Carla Zambelli (PSL), apresentou um projeto de lei para dificultar abortos no país.

O Projeto de Lei 232/21 torna obrigatória a apresentação de boletim de ocorrência com exame de corpo de delito positivo que ateste a veracidade do estupro, para a realização de aborto decorrente de violência sexual.

O texto sequer entrou em análise na Câmara dos Deputados. Ele altera a Lei 12.845/13, que garante o atendimento integral no Sistema Único de Saúde (SUS) às pessoas em situação de violência sexual e hoje não exige boletim de ocorrência para a interrupção da gravidez.

Evangélica, a autora da proposta discorda da lei atual. “No atual contexto brasileiro, não há obrigatoriedade da comprovação do abuso sexual para a realização do aborto, o que configura uma abertura maior para pessoas adeptas à ideologia do aborto como, por exemplo, mulheres que não são vítimas de violência sexual, mas procuram o atendimento do SUS para interromper a gravidez indesejada”, opina.​

A proposta, no entanto, terá que percorrer um longo caminho no Congresso, e deve enfrentar dificuldades para ser aprovado.

Confusões em que a deputada se meteu em apenas dois anos de mandato

Indenização a Jean Wylllys

Em 2018, a associação Brasil nas Ruas , presidida por Zambelli, foi processada por danos morais ao publicar Fake News insinuando que o Deputado Jean Wyllys cometia crime de pedofilia.[20] Após ser condenada a pagar R$ 40 mil reais, a deputada recém-eleita afirmou que o valor seria pago com crowdfunding de seus eleitores, pois ela já tinha destino para seu novo salário de deputada.[21]

Ingresso do filho em Colégio Militar

Em setembro de 2019, a revista Veja divulgou que o filho de Carla Zambelli foi matriculado no ensino fundamental do Colégio Militar de Brasília sem passar pelo processo tradicional da seleção de candidatos.[22] Nas redes sociais, a deputada negou irregularidades e relatou que seu filho de 11 anos vinha sofrendo ameaças em São Paulo e que ele estaria seguro ingressando em uma escola militarizada.[23]

Tuíte sobre a morte de Gustavo Bebianno

Após o ex-secretário-geral da Presidência Gustavo Bebianno morrer vítima de um infarto fulminante, Carla Zambelli publicou um tuíte polêmico em alusão à sua morte. A parlamentar havia postado uma passagem bíblica.

O Senhor dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará.Isaías 14:24.

Todos que se colocarem contra o projeto de Deus serão flechados e voltarão, naturalmente, às suas origens

— Carla Zambelli em seu Twitter, 14 de março de 2020

Após a repercussão, a deputada apagou o tuíte e disse que foi mal interpretada. “Eu li que já estão fazendo conjecturas, ligando a morte dele (Bebianno) ao presidente Jair Bolsonaro. Eu só quis dizer que a morte foi natural”, disse a parlamentar. Ela também confirmou que a publicação fazia mesmo referência à morte do ex-ministro.[24][25]

Acusações éticas

Carla Zambelli foi alvo de uma representação do PSL por quebra de decoro, o que poderia levar a sua cassação, por ter ofendido a deputada Joice Hasselmann ao publicar no Twitter a hashtag “#DeixedeSeguirAPepa”, uma referência ao personagem de desenho animado Peppa Pig.

A defesa da deputada argumentou que “…um meme não será jamais motivo de falta de decoro ou ética com o colega, visto que a própria vítima neste caso, em suas publicações, e mais graves e sem apoio, já alegou de seu lado, contra a representada, sem provas que Carla Zambelli teria ‘abortado’, que seria ‘prostituta’…”.

Em fevereiro de 2020, o Conselho de Ética arquivou a representação por 13 votos a 0. O relator da representação, Márcio Marinho (Republicanos) afirmou que os deputados têm imunidade parlamentar, o garante que eles não possam serem processados por emitirem suas opiniões.[26][27][28]

Boatos sobre o Ceará

Em entrevista a José Luiz Datena, na Rádio Bandeirantes, a deputada federal sugeriu que o estado do Ceará estaria inflando o número de mortos por Covid-19.

No Ceará, tem caixão sendo enterrado vazio, tem uma foto de uma moça carregando caixão com os dedinhos.
— Carla Zambelli, em entrevista à Rádio Bandeirantes.

O governo do estado do Ceará, administrado por Camilo Santana (PT), divulgou nota repudiando as declarações, chamando-as de um insulto aos profissionais de saúde cearenses e um desrespeito às famílias das vítimas, além de informar que entraria com uma ação por denunciação caluniosa por espalhar fake news.[29][30] O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) também anunciou que acionaria a Justiça contra a deputada Carla Zambelli por esse caso.[31]

Indicação de Sérgio Moro ao STF

Em mensagens reveladas no Jornal Nacional, fornecidas pelo ex-juiz Sérgio Moro, a deputada federal aparece tentando manter Moro como Ministro da Justiça e Segurança Pública em troca de buscar convencer o Presidente da República Jair Bolsonaro a indicá-lo a uma vaga para o Supremo Tribunal Federal.[32] Diante do ocorrido, o PSOL protocolou um pedido de cassação da deputada federal, acusada pelo partido de abusar de suas prerrogativas, configurando quebra de decoro parlamentar, além de acusá-la de advocacia administrativa e prevaricação.[33] A executiva nacional do PT também entrou com uma notícia-crime no STF contra Carla Zambelli, por suspeita de tráfico de influência e de advocacia administrativa.[34]