BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – Um velho casarão em Guarapari, no bairro Itapebuçu, que serviu de prisão ilegal e cassino nas décadas de 70 e 80, e que pertencia ao ex-delegado Cláudio Guerra, foi finalmente demolido hoje.
Abandonado há mais de 40 anos, o local se tornou abrigo de usuários de droga. Quando era dono do imóvel, Guerra chegava de helicóptero ao bairro, próximo a Muquiçaba. Muitos presos foram interrogados no local.
Ex-titular da Delegacia de Ordem Política e Social (Dops), no Espírito Santo, o ex-policial praticou todas as barbaridades que quis em nome da ditadura militar.
No ES, a delegacia do Dops funcionava no terceiro andar do prédio do Detran, na Reta da Penha, onde Guerra agia sem prestar contas a ninguém.
O único policial que ele temia era o chefe de polícia da época, o coronel PM Décio Nascimento. Mas Guerra era da Polícia Civil.
O DOPS era o órgão de repressão aos movimentos sociais e populares, e também centro de tortura durante a ditadura.
Nos dois períodos ditatoriais, as vítimas preferenciais eram os militantes de partidos de esquerda.
Mas Guerra usava sua autoridade para extorquir bicheiros, comerciantes, e respondeu a mais de 20 assassinatos, inclusive da ex-mulher e ex-cunhada.
Hoje pastor, ex-delegado virou réu acusado de queimar corpos na ditadura. Foi acusado de destruir 12 cadáveres entre 1974 e 1975, incinerando-os em fornos de uma usina de açúcar desativada em Campos dos Goytacazes (RJ)
O casarão tinha três andares, sendo um no sub-solo com uma passagem secreta. Piscina, churrasqueiras, seis banheiros e oito quartos.
Hoje aos 80 anos, Guerra vive num abrigo de idosos em Vitória. Depois que ele desocupou a casa, o imóvel chegou a ser usado por um ex-deputado estadual que mantinha no local um cassino-puteiro.
A Prefeitura de Guarapari tentou usar a casa como Centro Cultural mas não obteve êxito.
Ontem a demolição foi feita por uma empresa particular que não quis identificar quem comprou o imóvel .Durante muitos anos a área ficou bloqueada pela justiça.
FOTOS JORGE PAULO