BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO -Os dias do chefe do Centrão da Câmara deputado Arthur Lira (AL) como candidato chapa branca de Bolsonaro a presidente do Legislativo duram pouco.
Lira é o líder do PP e do bloco, e sua proximidade com o Palácio do Planalto incomodou algumas lideranças da Câmara, como o atual presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Maia tratou de puxar o tapete do alagoano. Os partidos DEM e MDB, que integravam o ‘Centrão’ anunciaram a saída do grupo que somava mais de 200 dos 513 parlamentares da Casa.
O líder do DEM, Efraim Filho (PB), disse que as duas legendas entenderam que era o momento de “preservar essa autonomia regimental”. Mas todo sabe que o que provocou esse rompimento foi a sucessão de Maia, marcada para fevereiro.
De acordo com a Constituição, é o presidente da Câmara quem assume o governo, no impedimento do titular e do vice. O cargo é de extrema importância. Se Lira achou que ganharia a vaga, apenas com apoio de Bolsonaro, se enganou.
Tradicionalmente os partidos que integram o comando do Legislativo, não aceitam que o Executivo dê as cartas na eleição da Câmara, que ocorre a cada dois anos.
“Não teve bronca, não teve briga, não teve divergência. É uma posição em nome da autonomia do partido e vida que segue”, afirmou o líder do DEM, aliado de Maia.
O Centrão que vem trocando cargos do Executivo por votos no plenário, hoje é formado pelo PL, PP, PSD, MDB, DEM, Solidariedade, PTB, PROS e Avante – alguns estão mais alinhados com o governo (como o PP, PSD e PL) e outros tem posição de mais moderados, como o Solidariedade.
O grupo foi formalizado no ano passado para a formação da CMO – Comissão Mista de Orçamento – mas depois resolveu fazer uns acordos com o Planalto, para garantir governabilidade a Bolsonaro, ameaçado pelo impeachment.
Mas em diversas épocas da República o Centrão deu as cartas porque tanto o Executivo quanto o Judiciário dependem das aprovações dos deputados. E os grupos de centro tendem formar maioria.
Nos últimos meses, uma divisão apareceu no bloco, quando negociações com o governo garantiram apoio maior a pautas do Planalto, e em troca líderes do Centrão indicaram nomes a cargos em ministérios. Outras legendas se sentiram excluídas desse acordo firmado com os generais de Bolsonaro.
Na semana passada, o racha ficou mais claro após a votação da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tornou permanente o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
O líder do bloco e do PP, Arthur Lira (AL), agiu como um articulador do governo e tentou retirar o texto da pauta, para o Planalto ganhar mais um tempo para articulações.
O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que queria votar a matéria, bateu de frente e manteve a votação, impondo derrota ao governo.
Questionado sobre a relação entre o episódio do Fundeb com o “desembarque” do partido, Efraim admitiu que a votação contribuiu com a decisão tomada.
Baleia bola da vez
Em sua página no Twitter, o líder do MDB, Baleia Rossi, escreveu apenas que a presença do partido “no bloco majoritário da Câmara se devia às cadeiras nas comissões”. “Manteremos diálogo com todos”, escreveu.
Baleia, no entanto, pode ser um dos nomes de Maia, até para derrotar o candidato do Centrão. Maia tem peso na sucessão, e poderia até apoiar Lira, mas considera que foi traído após o líder do PP que firmou acordo com Bolsonaro.
“O chamado bloco do centrão foi criado para formar a comissão de orçamento. Não existe o bloco do Arthur Lira. O bloco foi formado para votar o orçamento e é natural que se desfaça. Ele deveria ter sido desfeito em março, o que não aconteceu por conta da pandemia”, escreveu Lira em sua página do Twitter.
Com informações de Agências e twitter
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