Cavalo passa arriado para Renan, o Sujo.

BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – Terminada a eleição municipal, as atenções políticas se voltam para a eleição dos presidentes da Câmara e Senado, cujos mandatos são de dois anos.

À população interessa pouco, muito pouco. Mas entre os Três Poderes é momento de muita tensão, principalmente para o Palácio do Planalto.

Por conta disso, votações importantes para o país, como o Orçamento da União, vetos presidenciais e todas as demais pautas, ficam em segundo plano.

A votação da Lei de Diretrizes Orçamentaria (LOA) vem antes da Lei Orçamentária Anual. É elaborada anualmente e tem como objetivo apontar as prioridades do governo para o ano seguinte. Primeiro vem o Plano Plurianual. Depois a LOA.

Até 31 de janeiro, no entanto, as articulações políticas vão girar em torno da eleição. Quem preside o Senado presidirá também o Congresso Nacional.

Com a morte da candidatura Alcolumbre, o ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (MDB) entrou em campo e passou a pedir votos a antigos aliados.

O senadores do PMDB acreditam que o partido deve tentar uma candidatura própria à Presidência da Casa.

Mas a maioria têm dúvidas se Renan teria sucesso, diante de seu passado e de sua montanha de processos.

Eduardo Braga e Fernando Bezerra estão na disputa. Aguardam apenas que o nome de Renan seja descartado.

Câmara

Mas o cargo de presidente da Câmara é mais importante por várias razões; o eleito passa a ser o terceiro na linha sucessória – assumiria, em tese, depois de Bolsonaro e Mourão.

É quem aceita ou recusa pedidos de impeachment contra o presidente da República, e quem decide o que vai ser votado ou não.

Como todos os projetos do governo entram pela Câmara, se o presidente da Câmara for adversário do governo o caldo entorna.

Basta lembrar o que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, fez com a ex-presidente Dilma Rousseff.

Decisão do STF

A decisão do STF contrário a reeleição dos atuais detentores dos cargos, pegou o mercado político de surpresa. Uma maioria a favor da reeleição havia sido formada.

Diante da pressão da imprensa e redes sociais, alguns ministros do STF mudaram o voto, o que deixou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, desolado.

A decisão favoreceu o presidente Jair Bolsonaro. Ele apoia o nome do deputado Arhur Lira para Câmara.

A história mostra, no entanto, que todos os presidentes que se envolveram na eleição da Câmara se deram mal.

Aguinaldo Ribeiro (foto) deve ser o plano B de Maia

Outro derrotado

O ministro relator do STF Gilmar Mendes também saiu como derrotado após formar-se a maioria no plenário do Supremo, na noite de domingo, para barrar a manobra que permitiria a reeleição de Maia e Alcolumbre.

Foram seis votos a cinco contra a extravagante tese esposada pelo ministro relator. Os votos dos ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux vieram tarde, e não por acaso.

A proximidade temporal dos votos espelha a proximidade dos três. Barroso e Fux estão cada vez mais alinhados.

Passaram o fim de semana recebendo informações sobre o tamanho do desgaste do tribunal em face da manobra que se consagraria com os votos deles. Receberam pressão de todos os lados.

No Judiciário, sempre se nega publicamente que a pressão da opinião pública tenha alguma influência nas decisões.

Em privado, porém, muitos ministros e assessores admitem o óbvio: a depender do caso, pancada verbal da população e da imprensa faz diferença.

E o caso da manobra que permitiria a reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado causou imenso desgaste ao Supremo – mais do que os ministros antecipavam.

(Informações do STF são do site O Bastidor)