BRASÍLIA – AGÊNCIA CONGRESSO – Mesmo perdendo indicações em cargos da máquina pública federal, maioria dos parlamentares capixabas continuará contrária ao presidente Michel Temer, na votação da segunda denúncia contra o presidente.

Na votação da primeira denúncia, apenas dois deputados votaram a favor do governo, Lelo Coimbra (PMDB)  e Marcus Vicente (PP). Vão repetir os votos.

A denúncia encaminhada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Michel Temer de “corrupção passiva”.

Os deputados Givaldo Vieira (PT), Hélder Salomão (PT) e Sérgio Vidigal (PDT) são oposicionistas declarados do governo Temer, e vão repetir os votos.

Bem como os deputados Evair Melo (PV), Norma Ayub (DEM), Jorge Silva (PHS), Paulo Foletto (PSB) e Manato

Doa a quem doer
A deputada Norma Ayub disse que apesar não ter lido “toda a [nova] denúncia” encaminhada, mantém o entendimento de que qualquer pessoa, inclusive o presidente da República, deve ser investigada respeitando os direitos de defesa.

“Não recebi nenhuma manifestação dos [governistas], como também não tenho indicações ou nomeações em qualquer cargo”, se pronunciou a parlamentar do DEM.

Negociação “vergonhosa”
Para o deputado Paulo Foletto (PSB) a alternativa deste governo é este “troca-troca” que está sendo institucionalizado. “Ou troca cargo e emenda [por apoio] ou é cassado”, diz o socialista.

Foletto lamenta que teve “duas indicações técnicas exoneradas” como consequência do voto dele à época da votação contra o presidente Temer quando da aceitação, ou não, da primeira denúncia.

“A negociação é porca e vergonhosa. Havia uma indicação [minha] técnica no Ibama [Instituto Brasileiro de Meio Ambiente que] foi exonerada. Guilherme [Gomes de Souza]”, contou.

De acordo com Foletto, que informa não ter sido procurado por governistas para que vote agora com Temer, o outro exonerado indicado por ele foi Carlos Roberto Rafael que exercia a função de superintendente-regional do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

O DNPM é vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME) que desde quando Temer assumiu o comando do Palácio do Planalto, após o afastamento da presidenta Dilma Rousseff, encontrava-se sob controle do PSB.

A frente do MME está deputado federal licenciado por Pernambuco, Fernando Coelho. Ele é filho do senador Fernando Bezerra que recentemente trocou a legenda socialista pelo PMDB.

Ética deplorável
“Nós já vimos esse movimento na primeira denúncia. Mesmo com eu não concordando eticamente com esta prática, ela é adotada”, falou Jorge Silva.

Como forma de punição, e, em represália pelo parlamentar do PHS ter votado favorável ao afastamento do presidente Temer quando da primeira denúncia, Jorge Silva viu o seu indicado que dirigia o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) no estado, Paulo Pinoti, ser exonerado.

Questionado se o governo conseguirá novamente o apoio de parlamentares para evitar que o presidente seja afastado por seis meses para responder às acusações imputadas pela PGR diante do Supremo Tribunal Federal (STF), ele falou que “mais ou menos dias” o montante dos recursos prometidos aos que votaram contra a aceitação da primeira denúncia “será pago”.

Independente
O deputado Evair de Melo (PV) – partido que se diz independente – mas ocupa o Ministério do Meio Ambiente – disse que nunca teve cargo no governo. “Inclusive publicamente sou contra indicação por parlamentares [em troca] de cargos de qualquer instância”.