BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – A criação do União Brasil, resultado da fusão DEM/PSL, vai alterar os acordos políticos feitos no Congresso Nacional, inclusive ameaça a reeleição do atual presidente da Câmara, o bolsonarista Artur Lyra (PP/AL).

A reeleição dele se complicou. O novo partido terá a maior bancada na Câmara, consequentemente, a principal fatia dos fundos partidário e eleitoral, o que vai permitir a legenda eleger mais deputados.

A eleição dos presidentes do Congresso, Câmara e Senado, será em fevereiro de 2023. O PSL e o DEM têm, juntos, 81 cadeiras na Câmara, à frente do segundo colocado, o PT, que soma 53.

A fusão dos dois partidos complicou a vida de vários parlamentares bolsonaristas, e do próprio presidente que não terá o apoio da legenda em sua campanha a reeleição. O UB quer apoiar o ex-juiz Sérgio Moro.

O União Brasil contará com quase R$ 800 milhões de fundo eleitoral para distribuir aos seus candidatos. Cerca de 20 a 25 deputados devem seguir Bolsonaro no PL. Mas para alguns pode ser suicídio.

REELEIÇÃO AMEAÇADA

É o caso da capixaba Soraya Manato, bolsonarista de raiz. Ela está mais perdida que cego em tiroteio. Não pode ficar no UB, não foi aceita no PL dirigido por Magno Malta, e sua filiação ao PTB corre o risco de não vingar devido a crise no partido de Roberto Jefferson.

Outra briga devido a fusão do DEM e do PSL é a divisão das comissões técnicas da Câmara. Acordos anteriores à fusão perderam a validade e os integrantes do novo União Brasil vão disputar cargos porque pelo regimento interno tem direito.

A briga principal será pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Até aqui, o ainda líder do PSL, deputado Victor Hugo (GO), tem cantado que sucederá a deputada Bia Kicis (PSL-DF) na CCJ. Os dois são bolsonaristas.

Entretanto, o novo partido não pretende confirmar a indicação. Afinal, Vitor Hugo é muito ligado ao presidente Bolsonaro e muita gente aposta que ele deixará o União Brasil. Ele inclusive se apresentou como pré-candidato ao governo de Goiás, contra o governador Ronaldo Caiado, que integra o comando nacional do UB.

Há quem suspeite que a pré-candidatura de Vitor Hugo ao governo goiano foi uma manobra justamente para que possa abrir mão em troca do comando da CCJ. Só tem um probleminha: os demistas consideram que não será necessário ceder a CCJ ao deputado porque Caiado, por ser candidato à reeleição, tem desde já a vaga para concorrer a mais um mandato. (Com CB)

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