BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – Há não muito tempo, lendo o conceituado jornal “The Sunday Times”, deparei-me com uma significativa matéria. Eis o seu título: “Revelado: como a China está comprando o Reino Unido”.

Lia-se, em seguida, que “Investidores chineses adquiriram um conjunto de empresas, infraestrutura, propriedades e outros bens no Reino Unido avaliados em quase £ 135 bilhões, praticamente o dobro do que se suspeitava, segundo revelou uma investigação”.

Alertou-se, então, para o fato de que “esta incisiva e pouco noticiada onda de aquisições inclui pelo menos £ 44 bilhões efetuadas por parte de entidades estatais”.

Registrou-se que “participações em concessionárias de infraestrutura incluem a Thames Water, a UK Power Networks e o aeroporto de Heathrow”. E: “Empresas chinesas ou investidores chineses adquiriram ações na Bolsa de Valores do Reino Unido no valor de £ 57 bilhões”. Compraram, também, “cerca de £ 10 bilhões em imóveis e pelo menos 17 escolas privadas”.

Segue um aviso: “Não foi possível verificar os valores de dezenas de investimentos e assim o verdadeiro valor dos bens chineses no Reino Unido é provavelmente muito maior que os £ 135 bilhões encontrados”.

Diante deste quadro Iain Duncan Smith, ex-líder do Partido Conservador, declarou estar “demonstrado que sucessivos governos adormeceram em suas vigílias”.

E que isto mostra “o quão perigosamente estamos indo ao encontro do controle chinês sobre aspectos fundamentais de nossa economia”.

O entrevistado seguinte foi George Magnus, pesquisador do Centro para a China da Universidade de Oxford.

Perguntado sobre o que pensava acerca dos governantes que permitiram chegar-se a este estado de coisas, declarou que “parecem ter sido ingênuos”.

Encerra a matéria o seguinte parágrafo: “Regras estritas sobre aquisições por estrangeiros acabam de receber a aprovação real, porém, segundo o instituto de política externa “Henry Jackson Society”, as mudanças foram equivalentes a fechar-se a porta do estábulo após a fuga do cavalo”.

Esta a situação no Reino Unido. E no Brasil? Que tal informar-se aos brasileiros permanentemente, via internet, sobre a participação de estrangeiros em nossa economia? Sobre as remessas de lucros?

Sobre as áreas adquiridas pelo país afora? Eis aí uma medida não de xenofobia, mas de necessária transparência.


Pedro Valls Feu Rosa é jornalista, escritor e desembargador no ES. Escreve semanalmente para a AGENCIA CONGRESSO.