Por Pedro Valls Feu Rosa – Dia desses tive a oportunidade de ler um interessante relatório produzido por Alfred Maurice de Zayas, comissário a serviço da ONU.
Transcrevo a seguir, em tradução livre, um trecho do mesmo: “As sanções econômicas e bloqueios dos dias de hoje são comparáveis aos cercos de cidades na época medieval, realizados com a intenção de forçá-las à rendição. As sanções do século XXI tentam colocar não apenas cidades, mas países inteiros, de joelhos. Uma outra diferença, talvez, é que as sanções do século XXI são acompanhadas de manipulação da opinião pública através de ‘fake news’, de políticas agressivas de relações públicas e uma pseudo-retórica de direitos humanos para dar a impressão de que os fins justificam os meios”.
Seria este relatório relativo a qual país? Não importa – a verdade nele contida é universal. Ademais, hoje é um dado país, ontem foi outro e amanhã talvez o nosso. Nunca se sabe! Daí omitir locais, de molde a evitar as armadilhas da ideologia, que tanto mal tem feito à humanidade.
Certo Ministro de Estado de um desses países afetados lamentava que os resultados das sanções econômicas tiveram direto impacto nos preços de combustíveis, alimentos e medicamentos, tornando incerta a sobrevivência de milhões de habitantes em função de rigoroso inverno que se avizinhava.
Em um outro país, conforme cálculos realizados pela ONU, 60.000 crianças estavam sob severa desnutrição em função dos entraves criados por sanções econômicas – muitas delas sob risco de morte imediata.
Sobre um quarto país seja símbolo da situação a frase “nosso povo está pagando pelas sanções econômicas com sua saúde”. Seguem chocantes testemunhos de médicos no sentido de que não conseguem adquirir medicamentos e instrumentos em praticamente país nenhum, por conta do pânico geopolítico criado – e quando conseguem, apenas a preços exorbitantes.
Atento a esta realidade, um outro comissário da ONU, Idriss Jazairy, recentemente declarou ser necessário que “as diferenças entre Estados sejam resolvidas através de meios pacíficos, evitando expor civis inocentes a punições coletivas. Causar fome e doenças por meio de instrumentos econômicos não deveria ser aceito no século XXI”.
Agora medite: não é estranho sabermos tão pouco sobre a integralidade deste quadro em plena “era da informação”?