Alfredo Setubal, chief executive officer of Itausa Investimentos Itau SA, speaks during an interview in Sao Paulo, Brazil, on Thursday, April 12, 2018. Itausa is an umbrella organization for financial services, real estate, building products, chemicals and electronics, and IT firms. The firm's flagship subsidiary, Itau Unibanco, is one of Brazil's largest banks and operates more than 5,000 branches in Brazil. Photographer: Rodrigo Capote/Bloomberg

BRASÍLIA -AGENCIA CONGRESSO -Em entrevista ao Estado, Alfredo Setubal, presidente da Itaúsa, holding de investimentos do Itaú Unibanco, alertou que cenário internacional não deve ajudar muito o governo Bolsonaro.

Para ele, o novo presidente terá de aprender a negociar com o Congresso e deve enfrentar um início de governo difícil, pressionado pela necessidade de aprovar as reformas. “Não é campeonato de pontos corridos, é mata-mata.”

À frente da Itaúsa, holding de investimentos do Itaú Unibanco, Alfredo Setubal acredita que o futuro presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), montou seu governo calcado em dois pilares:

Paulo Guedes, para conduzir a economia, e Sérgio Moro, para encampar as mudanças contra a corrupção. “É uma eleição anti-establishment. O primeiro ano será difícil. O presidente vai ter de aprender a governar e negociar com Congresso.” A seguir, os principais trechos da entrevista

E o Brasil voltará a crescer?

O novo governo pega a economia com alguns sinais pequenos de recuperação. O desemprego ainda é alto, mas inflação e juros mais baixos dentro dos padrões históricos. Se conseguir de fato fazer essas reformas, o Brasil pode entrar num ciclo de crescimento de 3% a 4% ao ano. O cenário internacional não deve ajudar muito. Mas, de qualquer jeito, estamos entrando num ciclo econômico de mais crescimento e mais estabilidade jurídica, fator extremamente importante.

Bolsonaro terá força no Congresso para aprovar reformas?

Todos esses aspectos foram discutidos na eleição. Previdência é uma unanimidade. Agora, qual a reforma que vai passar? A que está aí pode não ser a ideal, mas algo bem razoável pode ser votado no Congresso. Ele não está partindo do zero, já tem uma proposta do (Michel) Temer. Evidentemente que tem um processo de negociação no Congresso.

 O sr. é a favor das privatizações? O que deve se manter com o Estado?

A sociedade não está preparada para um Estado mínimo, de um governo que cuide apenas de suas funções básicas. Esse é um processo evolutivo. A sociedade de hoje não tem esse desejo todo de privatizações. Deverá começar por subsidiárias e empresas relevantes, mas nada abrangente. O próprio Temer vai deixar uma série de licitações de portos, aeroportos, e isso facilitará. O modelo centralizador de Estado grande, poderoso, que prevaleceu de Getúlio Vargas até agora, fracassou. O modelo brasileiro tem de ser repensado.

Bolsonaro é o mais adequado para conduzir essas mudanças?

Ele está tentando fazer uma nova política e quer acabar com esta história de lotear o governo entre os partidos. Quer colocar pessoas mais gabaritadas. O Congresso funciona com certa barganha. Bolsonaro disse que quer romper.

LEGENDA DA FOTO PRINCIPAL:

Alfredo Setubal, diretor executivo da Itausa Investimentos Itaú SA, fala durante uma 
entrevista em São Paulo, Brasil. A Itausa é uma organização guarda-chuva de serviços 
financeiros, imóveis, produtos de construção, produtos químicos e eletrônicos, 
e Empresas de TI. A principal subsidiária da empresa, o Itaú Unibanco, é um dos maiores 
bancos do Brasil e opera mais de 5.000 agências no Brasil. Foto R. Capote -Bloomberg