Agora a briga é entre o partido do presidente da República, o PSL, e seu principal ministro político, o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Onyx fechou acordo com o Centrão e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) para votação da medida provisória 870 no plenário da Câmara ainda na tarde de ontem, conforme aprovada pela manhã na comissão especial:
Principais pontos da Medida Provisória 870/2019
Coaf | O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) fica sob a responsabilidade do Ministério da Economia e não da Justiça e Segurança Pública, como queria o ministro Sérgio Moro. |
Auditores Fiscais | A atuação dos auditores fiscais da Receita fica limitada a crimes de natureza fiscal, proibindo que indícios de crimes não tributários encontrados pelos auditores sejam compartilhados com outras autoridades sem autorização judicial. |
Funai | A Fundação Nacional do Índio (Funai) fica vinculada ao Ministério da Justiça e não ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. |
Demarcação de terras | O processo de demarcação de terras indígenas, fica também a cargo da Funai e não ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. |
Ministério do Trabalho | Foi extinto o Ministério do Trabalho, que teve suas atribuições divididas entre três pastas: Economia, Justiça e Cidadania. |
Desenvolvimento regional | O Ministério de Desenvolvimento Regional foi dividido em duas pastas: Integração Nacional e Cidades. |
Cultura | A extinção dos ministério da Cultura, Esporte e Desenvolvimento Social foi mantida e suas atribuições incorporadas pelo Ministério da Cidadania. |
Consea | O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), que havia sido extinto, volta entre os órgãos que integram a estrutura do Ministério da Cidadania. |
Denatran | O Departamento Nacional de Trânsito fica vinculado ao Ministério da Infraestrutura, que absorveu também o antigo Ministério de Transportes, Portos e Aviação Civil. Não há mais necessidade de arguição pelo Senado dos indicados à direção do Departamento Nacional de Trânsito. |
Dnit | O relator alegou que, por se tratar de autarquia comum e não agência reguladora, não há necessidade de tal referendo. Os diretores do Dnit não têm mandato e podem ser substituídos a qualquer tempo. |
Fonte: Agência Senado
Mas o PSL não aceitou, principalmente, a volta do Coaf para o Ministério da Economia e a limitação ao trabalho dos auditores fiscais.
O partido surpreendeu o Planalto boicotando a votação em plenário.
No final da tarde, Onyx deu uma bronca no líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), a quem responsabilizou pela falta de controle sobre o partido. O ministro disse a líderes aliados que, a partir de agora, lavava as mãos para a permanência de Vitor Hugo como líder.
Vitor Hugo voltou à Câmara e procurou os deputados do PSL. A bancada foi em romaria ao Palácio encontrar o presidente Bolsonaro. Reclamou do acordo fechado por Onyx e o presidente da Câmara.
O PSL insistiu com Bolsonaro em bater chapa com o Centrão e a oposição para manter o Coaf no Ministério da Justiça e não permitir limitação ao trabalho dos auditores fiscais.
Bolsonaro simplesmente autorizou o embate.
Agora ou Rodrigo Maia e Onyx engolem a derrota, ou o partido do presidente da República será humilhado em Praça Pública.
Esse é o jeito Bolsonaro de resolver encrencas.
O mesmo aconteceu na guerra entre os militares, de um lado, e seus filhos e o guru Olavo de Carvalho, de outro. Com o apoio dos bolsonaristas de raiz, Olavo de Carvalho xingou o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, o quanto quis.
Bolsonaro simplesmente disse que militares estão habilitados para lidar com guerras e para engolir sapos. Enfim, também jogou gasolina na fogueira.
Aparentemente, os militares engoliram es desaforos e silenciaram. Reta ver agora se a mesma estratégia do presidente dará certo contra Rodrigo Maia, Onyx e o Centrão.