Por Pedro Feu Rosa

Dia desses li que o Brasil houve por bem importar em torno de um milhão de toneladas de soja de seu principal competidor no mercado global, os EUA.

Recentemente anunciou-se, também, importação de trigo do Canadá e dos EUA. E de feijão da Argentina, do Paraguai e da Bolívia.

Há ainda a importação de café em grão do Peru. E que dizer do pescado? Importamos mais de um terço do que consumimos, conforme informado pelo Governo Federal.

Enquanto isso, uma empresa russa começou a fazer as primeiras entregas de gás natural liquefeito ao nosso país – que irá cerrar fileiras com o gás que tradicionalmente importamos da Bolívia.

Por falar em combustíveis, soube que o diesel importado dos EUA, que em 2015 respondia por 41% do total, em 2017 chegou a superar 80%.

Descobri, também, que somos importadores regulares do etanol norte-americano. Ainda sobre a questão energética, recentemente foi autorizada a importação de energia elétrica da Argentina e do Uruguai.

Não desprezemos, é claro, as importações relacionadas à área industrial. Neste campo, em apenas três anos, importamos US$ 141 bilhões em máquinas, peças e embarcações.

Encerro esta relação sinistra com a seguinte notícia: “1.200 toneladas de lixo exportadas ilegalmente serão devolvidas pelo Brasil à Inglaterra. O volume equivale ao produzido por 900.000 pessoas em um dia e inclui banheiros químicos, seringas e preservativos usados”.

Ela não é isolada – há relatos de importação de lixo que vão desde material hospitalar até pneus, passando por dejetos químicos.

Pois é. Somando tudo, somos o 21º maior importador do planeta. Nada contra importarmos, e fique isto muito claro.

Sou um defensor do livre comércio e um entusiasta da competitividade que apenas este gera.

Só acho difícil de entender como alcançaremos índices razoáveis de desenvolvimento importando, por exemplo, café! Ou peixe! Ou combustível! Ou energia elétrica! Eis algo que, decididamente, meu peco bestunto não assimila.

Não nos esqueçamos dos serviços: de sanduíches a transporte de passageiros, muito do que o suor brasileiro produz vai para o exterior, sob a forma de licenças ou remessa de lucros.

Nada contra as licenças, mas… para coisas tão banais?

Mudar isso é difícil, mas possível: basta que cultivemos algo denominado “conscientização nacional”.


Pedro Valls Feu Rosa é jornalista, escritor e desembargador no ES. E colabora regularmente com a AGENCIA CONGRESSO

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