BRASÍLIA – AGÊNCIA CONGRESSO – Senadores e deputados criticaram nesta quarta-feira (29) o procurador-geral da República, Augusto Aras, que tenta acabar com a Operação Lava Jato.
Segundo o PGR, a força-tarefa não tem transparência na distribuição de processos, mantém banco de dados sigiloso sobre seus alvos e violou prerrogativas de investigados. Era o que o PT e outros partidos corruptos do país queriam ouvir.
Políticos como o deputado federal do ES, Helder Salomão, acharam ótimo a estratégia do PGR, e chegaram a elogiá-lo. Foi a Laja Jato que mandou Lula para cadeia: ” A Lava Jato desvirtuou suas ações e passou a perseguir pessoas”, disse Helder.
Outro deputado federal do ES, Sérgio Vidigal (PDT), disse que está vendo pela primeira vez a PGR se perder no compromisso de combater a corrupção.
A mando de Bolsonaro?
O procurador-geral foi criticado também pelo líder da oposição, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que acusou Aras de “advogar em favor de pessoas que saqueiam os cofres públicos”.
“A luta contra a corrupção, que assola e destrói nosso país há tanto tempo, deveria ser pauta unívoca, não é questão ideológica”, destacou o senador nas redes sociais.
O senador Fabiano Contarato (REDE-ES) seguiu na mesma linha do seu líder.” A Lava Jato foi um divisor de águas na política brasileira”.
Já outro capixaba que antes se dizia aliado do ex-juiz Sérgio Moro, senador Marcos do Val (Podemos) ficou em cima do muro.
Disse que o PGR quer apenas informações sobre a operação. Inocente, Do Val acreditou nas ‘boas intenções de Aras”.
Já líder do Cidadania, senadora Eliziane Gama (MA), acusou “objetivos eleitoreiros” para “manchar” a operação: “Não há como negar os avanços da Lava Jato no combate à corrupção e à lavagem de dinheiro. Se houve abusos, há instrumentos adequados de controle para coibi-los”, escreveu.
Moro presidente
Nos bastidores se ouve que Aras visa ‘queimar’ a possível candidatura de Sérgio Moro a presidente da República em 2022. Nas pesquisas o ex-juiz aparece em segundo lugar, atrás apenas do presidente Bolsonaro.
Já o líder do PSL, senador Major Olimpio (SP), pediu união em favor da Lava Jato, afirmando que o Senado “não irá se calar” e irá “até a última consequência” para defender a operação.
“A Lava Jato é um marco no processo de combate à corrupção. Levaram para a cadeia grandes ladrões de colarinho branco que dilapidaram nosso país. O fim [da operação] só interessa aos malfeitores”.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) chamou de “cínica” a manifestação do procurador-geral e destacou que a corrupção e a impunidade “destróem os sonhos de um Brasil mais justo”.
“Vamos denunciar a atuação do PGR como porta-voz dos ataques à Lava Jato, tentando esconder sob o manto de um garantismo de araque os reais interesses de quem sempre quis ‘estancar a sangria’ e ‘zerar o jogo’, beneficiando os bandidos que roubam este país desde sempre”, escreveu.
O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) denunciou uma “intensa movimentação” contra a Lava Jato, que teria o objetivo de “desqualificar” os investigadores responsáveis pelo “êxito” da operação.
“Não podemos permitir esta inversão absurda que pretende absolver todos os que foram condenados pela Lava Jato e ao mesmo tempo condenar todos os responsáveis pela existência desta operação”.
Outro senador do Podemos, senador Lasier Martins (RS) também disse que a Lava Jato está “sob ataque”, e cobrou de Aras umas “comprovação” de que o combate à corrupção não será interrompido. Para o senador, a Lava Jato “mudou a trajetória da impunidade” no Brasil.
Ao contrário dos colegas, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) fez eco às palavras de Augusto Aras e disse que a Procuradoria-Geral da República precisa “iluminar os porões obscuros” da Lava Jato. Para Renan, a força-tarefa incorreu em crimes durante as suas atividades.
“Por que a força-tarefa, abaixo das instituições, resiste a auditoria? Há vestígios de ilegalidades: propinas a procuradores, acordos com o FBI, apropriação de 2,5 bi de dinheiro público e outros”, listou nas redes sociais.
O senador Flávio Arns (Rede-PR) lamentou que “pessoas importantes” como o procurador-geral estejam tentando “denegrir” a Lava Jato e “eliminar as lições” que, segundo o senador, a operação ensinou ao país.
“Confiamos nos juízes e procuradores que estão trabalhando para passar a limpo a história do Brasil. Que [a Lava Jato] sirva de exemplo para o Brasil que queremos, onde a lei atinja a todos”, afirmou.
O procurador-geral Augusto Aras foi indicado para o cargo pelo presidente Jair Bolsonaro em 2019. Diferentemente dos seus antecessores desde 2001, Aras não fazia parte da lista tríplice elaborada pelas eleições internas do Ministério Público Federal.
Com informações da Agência Senado