BRASÍLIA – Após repercussão negativa, deputados começaram a coletar assinaturas para impedir a criação de uma Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) com foco na Operação Lava Jato.
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) dizia ontem à noite já ter 45 assinaturas contra a “CPI do PT”.
A instalação da CPI foi proposta pelo líder do PT, deputado Paulo Pimenta (RS), após denúncias de irregularidades relacionadas a delações premiadas.
O requerimento foi apresentado no plenário no dia 30 de maio e contou com o apoio de 190 deputados. Entre eles, sete capixabas.
Além do PT, líderes de outros partidos com nomes atingidos pela Lava Jato, como o MDB, PP e o PR, também apoiaram a iniciativa.
Durante todo o dia, mais de 40 deputados apresentaram pedidos para que suas assinaturas fossem retiradas do requerimento, mas foram informados pela Secretaria Geral da Mesa da Câmara que, como documento já havia sido protocolado na Casa, isso não poderia acontecer.
A saída, no entanto, seria que metade mais um dos deputados que assinaram o pedido, isto é, 96 parlamentares, teriam que apresentar um novo requerimento, para derrubar a validade do anterior. A coleta de assinaturas foi comandada pelo deputado Júlio Delgado.
Durante todo o dia, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não se manifestou sobre o assunto.
Tudo indica que o assunto não irá prosperar por uma única razão: medo da opinião pública. Já o líder do PT na Câmara foi diversas vezes à tribuna criticar a desistência dos colegas de apoiar a investigação.
“Infelizmente os deputados se acovardaram”, disse. Para Pimenta, as denúncias que surgiram sobre a venda de “proteção” em delações premiadas por parte de advogados e delatores é “muito grave” e essas questões precisam ser investigadas.
Ele também classificou como “ridículo” o argumento de que o PT articulou a criação da CPI como uma retaliação ao Poder Judiciário após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Delações. Os pontos de partida para a comissão são as delações dos doleiros Vinícius Claret, o Juca Bala, e Cláudio de Souza, integrantes do esquema comandado por Dario Messer, chamado de “doleiro de todos os doleiros”.
Nas delações, reveladas pelo Estado, eles acusam o advogado Antonio Figueiredo Basto, um dos maiores especialistas do País em colaborações premiadas, de cobrar uma “taxa de proteção” de US$ 50 mil mensais (cerca de R$ 185 mil) de outros integrantes do esquema entre 2005 e 2013.
O dinheiro, segundo pessoas que acompanham o caso, seria para proteger outros participantes de futuras delações. Em 2004, Basto intermediou a colaboração do doleiro Alberto Youssef no caso Banestado. Homologada pelo juiz Sérgio Moro, foi a primeira delação premiada do Brasil nos moldes atuais. Basto nega a acusação. (COM INFORMAÇÕES DA AGENCIA ESTADO)
O que disseram os capixabas que assinaram o pedido de CPI
Lelo Coimbra – MDB -“Não sou contra a Lava Jato. Tomei a decisão de retirar meu nome
Evair de Melo -PP – “Assinei sem ler.Já pedi para retirar meu nome”
Jorge Silva -SD “Assinei pois compreendi que era para apurar um caso único”
Paulo Foleto -PSB “Apoio todo pedido de investigação. Mas vou retirar meu nome”
Marcus Vicente -PP – “Estão distorcendo as informações. Mas retirei meu nome porque não apoio coisas que não sejam claras”.
Helder do PT- “Vou manter o apoio. Existem denúncias de venda de delações que precisam ser apuradas”.
Givaldo do PC do B – “A CPI não é contra a Lava Jato. É contra o que existe de errado nas delações”.