Bancada capixaba está incomodada com projeto pessoal de Manato
Por Humberto Azevedo – BRASÍLIA – AGÊNCIA CONGRESSO – Vários parlamentares que integram a bancada capixaba no Congresso Nacional estão incomodados com o “modus operandis” do atual secretário para a Câmara dos Deputados da Casa Civil, Carlos Manato (PSL).
E acusam o ex-deputado federal de priorizar seu “projeto pessoal” de poder em detrimento das prioridades do governo federal, como a Reforma da Previdência.
A crítica é de diversos parlamentares. Todos pediram para não serem identificados. Mas a insatisfação é geral. “Nós estamos vendo o Manato se movimentando individualmente e isso [está fazendo com que] a bancada [fique muito] incomodada”, comentou um parlamentar.
“Ele está fazendo um movimento que era para fazer junto com a bancada. Ele precisa conversar com a bancada senão ele fica lá como o cara do governo [federal] que leva [as coisas] para o ES. E a bancada não leva nada. E isso está incomodando e muito a bancada”, disse outro deputado.
Reclamação
Um terceiro parlamentar comentou que a postura de Manato pode ser prejudicial para a aprovação de medidas importantes para o governo do presidente Jair Bolsonaro como, por exemplo, a reforma da previdência.
De acordo com este parlamentar, os integrantes da bancada capixaba não se movimentam apenas em torno das propostas comuns ao estado. Todos pertencem as bancadas partidárias e isso, segundo ele, pode representar um sinal muito ruim para a maioria dos parlamentares que negocia apoiar o governo Bolsonaro.
“Na reforma da previdência do Temer faltavam 13 votos antes do episódio Joesley [Batista]. O [ex-presidente] Fernando Henrique perdeu a reforma da previdência por um voto. O Manato está indicando gente sem combinar com a bancada”, reclamou um quarto parlamentar.
Eleições futuras
O descontentamento dos deputados capixabas com o secretário do ministro Onix decorre do fato que ele já estaria pensando nas eleições de 2020 e de 2022.
“Para uns ele fala que quer ser governador, para outros ele diz que o projeto é ser senador. Mas isto está longe e em quatro anos isso é muito complexo”, alertou o capixaba.
“Se o governo Bolsonaro der certo, aí tudo bem. Quem está lá dentro vai ter o privilégio de dizer que fez parte do sucesso. Mas mesmo assim, no caso dele, ele trabalha muito sozinho. E ele está num lugar que tem a responsabilidade de fazer a maioria. Ele não pode ser concorrente da gente”, avisa mais um.
“Painel é painel. Ele precisa acordar que onde ele está é porque ele pode fazer articulação com os deputados para ajudar o presidente. Se ele está lá e atrapalha, ele vira um problema enorme”, conclui um deputado.
Resposta
Procurado pela reportagem, Manato negou estar atuando de maneira individual em detrimento dos demais parlamentares da bancada capixaba.
Ele foi candidato a governador do ES nas últimas eleições pelo PSL, perdeu e ganhou o cargo na Casa Civil. Conseguiu eleger a mulher, Soraya Manato, também do PSL, para um mandato na Câmara dos Deputados.
O ex-deputado afirma que nenhum nome foi indicado, ainda, para os cargos federais no estado. Com exceção de Julio Castiglioni que assumiu a presidência da Codesa por indicação do ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.
Para Manato, a indicação Castiglioni decorre do fato dele ser procurador no estado desde 2005 com ampla experiência em modelagem de concessões. Visto que o futuro da Codesa deverá ser a privatização.
O ex-deputado atribui as acusações que parte da bancada capixaba lhe faz por ciúmes dele ter sido o primeiro e único político do estado que apostou desde na eleição de Bolsonaro. “Não acreditaram e não ajudaram, pelo contrário”, diz.
Manato aposta no sucesso do programa “banco de talentos” que o governo federal está lançando para conseguir aliar as indicações políticas às necessidades técnicas que cada cargo impõe.
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