BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO –  Em 2007 o Tribunal de Contas da União identificou 400 obras paralisadas no país após terem consumido R$ 2 bilhões – e este foi um avanço.

Em 1995 eram 2.214 obras inacabadas que já tinham custado R$ 15 bilhões em verbas públicas.

Chegamos a 2016. Li, em um relatório do Congresso Nacional, ter resultado de dado levantamento “uma carteira contendo cerca de 1.600 obras orçadas entre R$ 500 mil e R$ 10 milhões, que receberam aportes da União mas se encontravam paralisadas”.

Avançamos no tempo. Alcançamos 2019. Segue trecho de relatório produzido pelo Conselho Nacional de Justiça:

“Em levantamento realizado pela Secretaria de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrbana) do Tribunal de Contas da União (TCU), foi apontado que o Brasil possui atualmente mais de 14 mil obras públicas federais paralisadas, somando um investimento público de R$144 bilhões de reais, com R$10 bilhões já aplicados.

Desse montante, 3% teriam como motivação questões relacionadas ao Poder Judiciário”.

O pior: “do total geral das 14.403 obras identificadas como paradas em todo o país foram gastos R$ 70 bilhões”, um valor que quase certamente terá ido para o ralo.

Vamos a um exemplo local, do Estado do Espírito Santo, apenas para confirmar a regra geral.

Em 2020 um detalhado estudo produzido pelo Tribunal de Contas encontrou “a existência de 368 obras paralisadas, perfazendo um total de R$ 1.603.571.118,83”.

É interessante. O tempo passou e o problema, apesar de ter sido claramente detectado, aparentemente só tem piorado. Sucedem-se os estudos e relatórios mas o problema persiste. Seria ele cultural?

Deve ser. Contemple, no mundo que o cerca, as inumeráveis boas iniciativas, muitas das quais implementadas de forma onerosa, que acabaram sepultadas sem maiores explicações pela administração seguinte por conta de sentimentos menores. Cada um de nós certamente terá um exemplo a dar.

Diante desta realidade tão sombria fiquei a recordar Cristóvão Colombo, Albert Einstein, Alan Turing, Marie Curie e tantos outros grandes vultos que, em algum ponto da vida, tiveram que resistir à mesquinharia mais cruel e vil para que conseguissem simplesmente melhorar este mundo.

Eis aí, sem retoques, um dos mais graves problemas nacionais: a mesquinharia focada no presente, destruidora do passado e que turva o futuro.


Pedro Valls Feu Rosa é jornalista, escritor e desembargador no ES. Escreve semanalmente para a AGENCIA CONGRESSO.