Médico Thanguy Gomes Friço

Por Thanguy Gomes Friço – O crescente custo da assistência e da incorporação tecnológica em saúde, o envelhecimento populacional, a transição epidemiológica com o aumento da incidência e da prevalência das doenças crônicas, os potenciais impactos das ações para promoção de saúde e prevenção de riscos e doenças e a necessidade de estimular a vida com qualidade ao longo do seu curso são alguns dos fatores motivadores, entre outros, da busca de estratégias para o enfrentamento desses desafios.

Levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) revela que o Brasil gasta R$ 3,48 per capita por dia para cobrir as despesas com saúde de seus mais de 207 milhões de habitantes.

Nesse contexto, precisamos criar uma Metodologia que incentive os municípios a desenvolverem programas para a Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos e Doenças, e a estimularem a adesão da população a tais programas levando em consideração as políticas empreendidas pelo Ministério da Saúde (MS) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Hoje 98% de todos gastos em saúde no Brasil são voltados para tratamento e diagnostico de doenças, e apenas 2% são destinados a promoção de saúde.

Segundo a OMS as doenças crônicas e os seus agravos constituem o problema de saúde de maior magnitude, correspondendo cerca de 70% das causas de mortes, atingindo fortemente camadas e grupos mais vulneráveis, como a população de baixa escolaridade e renda.

São apontados como determinantes sociais dessas doenças crônicas, as desigualdades sociais, as diferenças no acesso aos bens e serviços, a baixa escolaridade, as desigualdades no acesso à informação e serviços, além dos fatores de risco modificáveis, como tabagismo, consumo de bebida alcoólica, inatividade física e alimentação inadequada.

Na Constituição Federal de 1988, o Estado brasileiro assume como objetivos precípuos a redução das desigualdades sociais e regionais, a promoção do bem de todos e a construção de uma sociedade solidária sem quaisquer formas de discriminação.

Tais objetivos marcam o modo de conceber os direitos de cidadania e os deveres do Estado no país, dentre os quais a saúde.

Neste contexto, a garantia da saúde implica não só em assegurar o acesso universal e igualitário dos cidadãos aos serviços de saúde, mas também a formulação de políticas sociais e econômicas que operem na redução dos riscos de adoecer.

No texto constitucional tem-se ainda que o sistema sanitário brasileiro encontra-se comprometido com a integralidade da atenção à saúde, quando suas ações e serviços são instados a trabalhar pela promoção, proteção e recuperação da saúde, com a descentralização, a regionalização e com a participação social.

Assim, cabe inserir movimentos de massa que induzam a população a adquirir hábitos saudáveis de vida, inclusive, com reforços sociais que valorizem esses novos comportamentos.

Em suma, é preciso reconhecer na Promoção da Saúde um instrumento fundamental na busca da equidade, da melhoria da qualidade de vida e de saúde da população, sendo que, o fortalecimento da participação social é uma ferramenta fundamental na consecução de resultados de Promoção da Saúde, em especial, da equidade e do empoderamento individual e comunitário.

Dr.Thanguy Gomes Friço é ortopedista e traumatologista sediado em Vila Velha (ES)