Denúncias sobre malversação de dinheiro público e invenções em pelo menos cinco federações

BRASÍLIA – A Federação do Comércio do Rio de Janeiro não é a única entidade que tem um dos seus diretores investigados. Há pelo menos quatro outras representações da classe patronal do comércio sob suspeitas.

De Norte ao Sul do País, pipocam denúncias contra essas entidades, a maioria sob o comando das mesmas pessoas há décadas.

De olho na bandalheira, os órgãos de controle estão intensificando sua atuação sobre as 27 regionais associadas à Confederação Nacional do Comércio.

José Roberto Tadros, da Fecomércio do Amazonas, foi multado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em R$ 30 mil. Ele foi acusado de nepotismo, porque colocou o filho, Davi José Tadros, na presidência do Serviço Social do Comércio e Sebrae (Sesc/Sebrae). O filho não apareceu para trabalhar na maioria do tempo de sua jornada de trabalho.

Além do pai e filho, foram multados Nelson Luiz Gomes Vieira Rocha (ex-superintendente do Sebrae-AM) em R$ 10 mil; Aécio Flávio Ferreira da Silva (ex-diretor-administrativo e ex-superintendente do Sebrae-AM) em R$ 25 mil; e Maurício Aucar Seffair (ex-diretor técnico do Sebrae-AM) e Lamisse Said da Silva Cavalcanti (ex-diretora técnica do Sebrae) em R$ 10 mil.

Em Minas Gerais,  a 3º Vara Criminal de Belo Horizonte determinou em abril o afastamento por 90 dias de cinco dirigentes da Fecomércio-MG, entre eles o presidente da entidade, Lázaro Luiz Gonzaga. A segunda turma do Supremo Tribunal Federal deu sinal verde para o TCU continuar investigando desvio de milhões no Sistema S, como em Minas Gerais.

Por ordem do juiz Guilherme Sadi foi nomeada interventora judicial para fazer levantamento administrativo e financeiro, além de conduzir o processo de sucessão na presidência da federação, marcado para esta quarta-feira (16).

De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), há indícios de desvios de recursos do sistema Fecomércio no valor aproximado de R$ 70 milhões a R$ 80 milhões em benefício de gestores.

No Mato Grosso, o presidente da Fecomércio-MT, Hermes Martins da Cunha, e o tesoureiro da entidade, Paulo Sérgio, são investigados por supostos atos de improbidade administrativa. Em fevereiro, houve uma tentativa de afastamento, mas depois de muita confusão, alegou-se que não houve quórum suficiente dos conselheiros para aprovar o afastamento.

No final de abril, a Justiça do Trabalho determinou à Fecomércio-MT que disponibilize os documentos, assim como os relatórios referentes às prestações de contas e aos contratos de 2017, sob gestão do presidente Hermes Martins.

No Ceará, o presidente da Fecomércio-CE, Luiz Gastão Bittencourt, usou uma empresa com sede em Fortaleza e sem negócios com o estado do Amazonas para realizar, em 2014, uma das maiores doações de campanha ao ex-governador, José Melo (PROS), que teve seu mandato cassado recentemente.

O repasse de R$ 1,2 milhão foi feito através da Serval Serviços e Limpeza, que tem como administrador Luiz Fernando Monteiro Bittencourt, filho de Gastão. Uma outra firma, a Auxílio Agenciamento de Recursos Humanos, que tem entre os sócios o próprio presidente da Fecomércio-CE e já administrou cadeias do Amazonas, doou mais R$ 300 mil.

No Rio de Janeiro, a intervenção no Sesc e Senac se arrasta. O atual presidente da Fecomércio-RJ, Antonio Florêncio Queiroz quer assumir o comando das duas entidades. A intervenção no Sesc e no Senac foi decretada pela justiça após irregularidades cometidas na gestão de Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio-RJ. Diniz foi preso numa fase da Operação Lava Jato.

Com informações www.mistobrasilia.com.br