BRASÍLIA – AGÊNCIA CONGRESSO – O Espírito Santo é o 26º, dos 27 estados brasileiros que em 2017 apresentou a segunda pior taxa de crescimento do país.

Em 2016, o ES ocupava a 10ª posição do referido estudo. Esse indicador traça a “média móvel dos quatro períodos da taxa de crescimento anual” do Produto Interno Bruto.

Divulgado pelo Estadão quarta (20/9) o “Ranking de Competitividade dos Estados” aponta retração econômica no governo Paulo Hartung.

Organizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a Tendências Consultoria Integrada, o estudo pesquisou os 27 estados.

O ranking mostra que o ES caiu também nos índices que apuram força de trabalho e o tamanho do mercado local.

Em 2016, o estado ocupava a 16ª posição, entre as 27 unidades federativas, com a melhor média da taxa de crescimento para os próximos dez anos da População em Idade Ativa (PIA) entre 15 e 64 anos. Em 2017, o ES é o 17º.

Já no indicador que verifica o tamanho do mercado local, de acordo com o “PIB real a preços de 2014”, o ES em 2016 ocupava a 11ª posição. Em 2017, o estado é 13º colocado.

Autonomia fiscal

No indicador que verifica a autonomia fiscal que o estado possui para honrar compromissos, o ES aparece em 13º lugar. Mesma posição de 2016. Em 2015, o estado ocupava a 12ª posição.

Educação

Com relação ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), o ES não sofreu alterações no “Ranking de competitividade dos Estados”. Desde 2015 o estado ocupa a 8ª posição neste quesito.

Já com relação ao desempenho dos alunos capixabas que cursam o nível médio, antigo 2º grau, o ES subiu três posições de 2015 para 2017.

No primeiro ano do estudo, o estado ocupava o 11º lugar com relação a este indicador. Em 2016 o 9º lugar e em 2017, a 8ª posição.

Samarco

Procurados pela reportagem da Agência Congresso para comentar o resultado dos índices do ES no ranking, os deputados Carlos Manato (SD), Evair de Melo (PV) e Norma Ayub (DEM) apontaram o acidente da Samarco como principal fato que prejudicou a economia do estado.

“Eu acredito que grande parte disso aí foi dado pelo fechamento da Samarco que pegou todo mundo de calça curta”, comentou Manato.

“O fechamento da Samarco atingiu toda cadeia de fornecedores”, complementou Evair.

“O problema ambiental da Samarco em Minas Gerais causou a queda das receitas e desemprego em todos os seguimentos de mercado”, disse Norma.

A mineradora Samarco teve parte das atividades suspensas desde a tragédia ambiental acontecida em novembro de 2015 que despejou lixo tóxico da empresa no rio Doce.

Para o deputado Manato, a solução para recuperar a economia capixaba é a volta das atividades da Samarco e a realização das “obras estruturantes” como a do aeroporto de Vitória, o aumento da dragagem do porto, além das duplicações das rodovias.

Culpa dos governos

Evair de Melo afirma também que a responsabilidade por esse retrocesso econômico do estado “tem de ser debitada na conta dos últimos governos” que, segundo ele, não fizeram o que deveria ser feito, principalmente, com relação a infraestrutura.

“O ES, com recursos próprios, gasta muito no varejo. Além disso, não está preparado para o fim do FUNDAP (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias)”, comenta.

O longo período de estiagem também é apontado por Evair de Melo como uma das causas que explicam o retrocesso econômico do ES.

“O Espírito Santo é um estado fortemente turístico, possui infraestrutura em toda a sua orla e também na região de montanhas. Porém, a exemplo do Rio de Janeiro não possui segurança adequada para a exploração de seu potencial turístico e desta forma não incrementa o seu crescimento e força de trabalho. Além das Rodovias que também não contribuem para o turismo”, complementou a deputada do DEM.

Falta de investimento

Segundo ele, também “é óbvio a falta de investimento significativo e consistente em ciência e tecnologia”. “Precisamos ser referência em inovação”, afirma.

“Precisamos ser mais eficientes e profissionais nos investimentos públicos. A política provinciana do ES nos limita a uma plataforma medíocre. Precisamos dialogar melhor com Minas Gerais e com os estados do Centro-Oeste”, disse.

“A nossa submissão diante do governo federal também nos condena a receber migalhas’, completou o parlamentar do PV.

Para a deputada Norma Ayub, “outro fator importantíssimo” que resultou no retrocesso econômico foi a queda da arrecadação proveniente da crise na Petrobrás graças a “corrupção” que proporcionou a queda de produção do petróleo no território capixaba.

(Por Humberto Azevedo)

FONTE: O Ranking de Competitividade dos Estados é um levantamento feito pelo CLP em parceria com a Tendências Consultoria e a Economist Intelligence Unit. A ferramenta analisa a capacidade competitiva dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal.

São analisados 66 indicadores de abrangência nacional separados em dez pilares que servem para balizar os gestores públicos de cada estado para alcançarem a excelência na gestão. Itens como infraestrutura, educação, inovação, potencial de mercado, segurança pública, solidez fiscal, sustentabilidade social e sustentabilidade ambiental compõem o quadro.