BRASÍLIA – AGÊNCIA CONGRESSO – A filiação do ex-presidente da Câmara, e ex-ministro, o ex-comunista Aldo Rebelo, ao PSB na última quarta-feira (27) em Brasília pode fazer com que o PSDB firme alianças estaduais com os socialistas em vários estados.

Aldo pode inclusive ser candidato a presidente da República ou vice pelo PSB. Essa é uma das várias análises feitas por políticos que acompanharam a filiação, como secretário geral do PSDB, deputado federal Silvio Torres (SP).

A filiação de Aldo foi ‘amparada’ por gente graúda do PSDB que afirmam ver em Aldo um “excelente” candidato a vice-presidente na chapa que será comandada pelos tucanos em 2018, provavelmente tendo à frente o governador paulista Geraldo Alckmin.

Márcio França vice governador de São Paulo é do PSB. Se Alckmin sair para presidente, vice assume e disputa a reeleição. Isso traria enorme ganho político para o PSB.

No plano local, a aliança também seria benéfica, inclusive no ES onde os tucanos são aliados de primeira hora do governador Paulo Hartung.

O vice do peemedebista é o ex-deputado do PSDB, César Colnago. Entretanto, a chegada de Aldo no PSB e o estreitamento dos laços com os tucanos pode tirar o PSDB do palanque de Hartung. O ex-governador Renato Casagrande seria beneficiado em seu projeto de voltar ao Palácio Anchieta.

Pelo menos é isso que afirmam integrantes da alta cúpula dos dois partidos. Para interlocutores das duas legendas procuradas pela reportagem da Agência Congresso, o objetivo é “amarrar” logo de início com o atual vice de Alckmin em SP, o socialista Márcio França, concorrendo ao governo estadual com apoio do PSDB.

Para o secretário-geral do PSDB, deputado Sílvio Torres (SP), “o PSB passa a ocupar espaço importante no processo sucessório nacional ao oferecer um nome que circula bem em vários setores da política, inclusive na esquerda”.

Torres falou, ainda, que o ex-ministro dos governos Lula e Dilma pode ser, sim, candidato a vice-presidente de Alckmin.

“Certamente o Aldo Rebelo vai turbinar o PSB como o Alberto Goldman (ex-PCB) turbinou o PMDB [e o PSDB]”, comentou o cientista político Ricardo Caldas.

Alternativa
Já o deputado capixaba Paulo Foletto, vê no nome de Aldo Rebelo uma alternativa para que a legenda volte a lançar candidatura própria ao Palácio do Planalto. Foletto prestigiou a filiação de Aldo, bem como Luiz Ciciliotti, presidente do PSB/ES

“O Aldo fez discurso de candidato. Se o PSB tiver candidato a presidente, essa candidatura une o partido. Ele tem história, tem caráter, é um homem como ele mesmo diz de costumes simples”, afirmou Foletto.

Próximo a Maia
Aldo Rebelo é reconhecidamente um político experiente, que apesar dos mais de 40 anos de militância no PCdoB – aliado histórico do PT – é muito hábil e próximo tanto à cúpula das forças armadas, quanto de parlamentares como o atual presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Essa proximidade fez com que fosse lembrado como um possível nome que poderia ser candidato a vice de Maia numa hipotética eleição indireta, caso a Câmara tivesse aceito a primeira denúncia de “corrupção passiva” encaminhada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer.

Contra Temer
Na véspera de sua filiação ao PSB, Aldo viu também o seu novo partido decidir que os deputados Danilo Forte (PSB-CE) e Fábio Garcia (PSB-MT), aliados de Temer, devem deixar de ser membros da comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que votará a admissibilidade da segunda denúncia enviada pela PGR contra o presidente por “organização criminosa” e “obstrução de justiça”.

Sem pretensão
No entanto, o próprio Aldo Rebelo afirmou na cerimônia de sua filiação ao novo partido que seu ingresso na legenda é apenas para ajudar o PSB a construir novos caminhos. “Venho só e não trago nenhuma pretensão e nenhuma reivindicação”, falou.

Por fim, ele lembrou o que disse um dos ícones do PSB, Miguel Arraes, quando retornou do exílio em 1979 quando o regime militar aprovara a lei que concedera anistia a todos os perseguidos políticos que eram contrários a ditadura militar.

“Eu não trago também mais do que isso. Trago meu senso e dever de continuar servindo ao meu País em uma legenda que me abriga e oferece espaço para continuar cumprindo as minhas tarefas de brasileiro, de cidadão e agora de militante e de filiado”, comentou repetindo Arraes, avô de Eduardo Campos.

Por Humberto Azevedo e Marcos Rosetti