BRASÍLIA – Três meses depois do maior acidente ambiental do Brasil o governo não fala sobre o caso. E nem chegou ao responsável ou responsáveis.

Especialistas do Ibama e do Centro Nacional de Monitoramento e Informações Ambientais (Cenima) afirmaram à CPI do Óleo nesta terça-feira (17) que, que pode ter sido acidente com um navio pirata.

Nove estados nordestinos, mais Espírito Santo e Rio de Janeiro, foram atingidos e tiveram diversas atividades prejudicadas, como pesca e turismo

O governo federal que se precipitou em acusar um navio grego não conseguiu encontrar os responsáveis pelo crime.

Bouboulina

Bouboulina

O coordenador-geral do Cenima, Pedro Alberto Bignelli, descartou a hipótese de que o responsável pelo desastre tenha sido o navio Bouboulina, da empresa grega Delta Tankers, como divulgado pela Polícia Federal em primeiro de novembro.

Pedro Bignelli afirmou que o óleo, extremamente denso e de origem venezuelana, foi descarregado numa longa distância do litoral e chegou até as praias parcialmente submerso. Ele também descartou a hipótese de afundamento de uma embarcação.

“Você utilizaria um navio-tanque tipo Bouboulina como pirata? Não. Porque é um navio quase último modelo. Normalmente são utilizados navios mais antigos, que podem estar trafegando com uma quantidade de óleo acima do normal. Então, na minha opinião, seria um acidente realmente com um navio pirata, desconhecido.”

De acordo com o Ibama, a informação sobre o navio grego foi repassada à Polícia Federal pela empresa HEX Tecnologias Geoespaciais, que tem um contrato de pouco mais de um R$ 1 milhão com o órgão ambiental.

Segundo o Ibama, a HEX tentou garantir mais dinheiro pela informação sobre o navio grego, baseada em imagens de satélite, informações consideradas inconsistentes pelo órgão ambiental, que se recusou pagar o preço pedido. A HEX, então, repassou a informação à Polícia Federal.

Caso inédito

A coordenadora de Prevenção e Gestão de Riscos Ambientais do Ibama, Cristiane de Oliveira, afirmou que o derramamento de óleo no litoral brasileiro foi um acidente inédito no mundo e que, por isso, as técnicas previstas em protocolos existentes não foram eficientes, o que exigiu novas práticas.

Cristiane de Oliveira disse que todos os órgãos ambientais agiram desde o início do desastre ambiental e que nenhum recurso técnico foi negado pelo governo, inclusive com assessoria de instituições internacionais.

Com informações da Agência Câmara